São Paulo (AUN - USP) -Desde o início de dezembro se iniciou no Brasil o período com maior possibilidade de ocorrência da febre amarela. Tradicionalmente é entre dezembro e abril que ocorre o maior número de casos da doença, afirma Zoraide Guerra Antunes Costa, responsável pelo assunto no Ministério da Saúde.
Em palestra realizada na Faculdade de Medicina da USP, Zoraide destacou ainda que a febre amarela não é um problema restrito apenas à Amazônia, como muitos acreditam. No ano passado a doença chegou a estados como Goiás e Minas Gerais, além do Distrito Federal.
Segundo Zoraide a preocupação para esse ano é o Rio Grande do Sul, pois a região noroeste do estado passou a ser considerada uma área com possibilidade de aparecimento da doença. Outros dois locais que merecem atenção são os estados de São Paulo e Paraná, que no ano passado tiveram casos fora das áreas de risco.
Estudos apontam que estes estados estão até mais suscetíveis a um alastramento da doença do que a região amazônica, onde a febre amarela é uma questão endêmica. Na floresta, além de uma vacinação em massa que ocorre desde o final da década de 1930, a baixa densidade populacional também dificulta a disseminação.
É importante ressaltar que o Ministério garante estar pronto para qualquer eventualidade. Na última temporada de febre amarela, de dezembro de 2007 a abril deste ano, foram registrados 48 casos, com 28 mortes. Nesse período foram produzidas mais de 20 milhões de vacinas para a doença, das quais cerca de 80% foram aplicadas. Este número foi considerado muito alto, uma vez que o uso da vacina sem necessidade pode causar efeitos colaterais graves.
Para Zoraide a alta procura aconteceu pois “a imprensa fez sua epidemia”. Ela afirma que os números não deveriam ter causado uma comoção tão grande, uma vez que o Ministério estava preparado, inclusive criando um gabinete especial que acompanhou o problema durante o período.
Nesta temporada os planos do Ministério incluem uma conscientização da população para que apenas moradores das regiões de risco e possíveis viajantes que passem por esses locais tomem a vacina. Além disso é importante manter um controle sobre os primatas contaminados, uma vez que eles também servem como hospedeiros.
A febre amarela é uma doença que atinge cerca de 200 mil pessoas por ano no mundo, com uma taxa de mortalidade na casa dos 50%. Ela é comum em regiões rurais e selvagens, já que nestas que se encontram os primatas infectados, o que dificulta sua erradicação. Em áreas urbanas está praticamente erradicada, apesar de um caso registrado no Paraguai no ano passado.
Aliás, a América do Sul possui a maior área de circulação viral da doença no mundo, em uma região que cobre nove estados brasileiros, além do próprio Paraguai e da Argentina.