São Paulo (AUN - USP) -O Projeto Telescópios na Escola (TnE), sediado no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP), conta agora com a participação de alunos do Ensino Médio, que desenvolvem pré-iniciação científica desde outubro deste ano. Por meio de uma iniciativa da Pró-Reitoria de Pesquisa da USP alunos do Ensino Médio puderam se aproximar da Universidade realizando pesquisas e trabalhos. Dos onze alunos que se inscreveram nos projetos propostos por professores do IAG, cinco estão envolvidos no TnE e são orientados por Jane Gregorio-Hetem e Vera Jatenco-Pereira, professoras do Departamento de Astronomia do IAG.
Implantado pelo professor Laerte Sodré Júnior, também do IAG/USP, o projeto consiste em disponibilizar a escolas públicas e particulares imagens do universo em tempo real, via internet. A escola marca um dia e um horário (entre 20h e meia-noite) com o observatório e tem assistência de um técnico que permanece online em videoconferência. Professores e alunos controlam o telescópio remotamente e podem direcioná-lo ao astro do qual desejam captar imagens.
Os telescópios estão localizados nos observatórios Abrahão de Moraes, do IAG/USP, em Valinhos (SP); INPE, em São José dos Campos (SP); Colégio Militar de Porto Alegre (RS); Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR); universidades federais do Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Norte. Qualquer escola, seja qual for sua localização no Brasil, pode acessar qualquer um dos telescópios discriminados. “Um dos nossos usuários mais freqüentes fica em Maceió”, afirma Jane. Segundo ela, as imagens podem ser usadas multidisciplinarmente como forma de estimular o aprendizado: “se o professor está ensinando Trigonometria, por que não ensinar usando as medidas das crateras da Lua?”
Os alunos do Ensino Médio que entraram na pré-iniciação científica fizeram uma inscrição e hoje são bolsistas pela USP. Os cinco pesquisadores iniciantes do TnE – Adrielli Pereira, Ana Paula Benassi, Emerson Medeiros, Bruna dos Santos, Cíntia Tomaz e Beatriz Barbosa – são supervisionados pela professora Maria Clara Amom, da Escola Estadual Patriarca da Independência, onde cursam o ensino regular. A instituição localiza-se em Vinhedo, cidade próxima ao observatório do IAG.
As vantagens para eles vão desde ter contato com pesquisas e descobertas científicas até reforçar os conceitos de Física e Matemática. Por enquanto, a turma ainda está em fase de adaptação ao projeto e conhecimento do programa computacional de tratamento de dados. Os pesquisadores pretendem trocar o software DS9, usado atualmente, devido ao fato dele ser muito complexo para o nível do Ensino Médio. Um forte candidato a substituir o DS9 é o Salsa J, usado também pelos portugueses do European Hands-On Universe, projeto semelhante ao Telescópios na Escola. A vantagem é que esse programa está traduzido para o português. “Nesse contato com o pessoal de Portugal, já vimos possibilidades de fazer tarefas em conjunto”, comemora a professora. Para alimentar ainda mais as esperanças de internacionalizar o projeto, no dia 5 de dezembro houve uma videoconferência entre os alunos do TnE e os alunos portugueses. “A idéia é que nossos alunos também possam observar durante o dia, utilizando observatórios de outros países distantes, que é uma de nossas metas”, prevê Jane.
Para ter acesso às imagens astronômicas, a escola deve preencher um formulário de pedido de tempo de telescópio, disponível no site http://www.telescopiosnaescola.pro.br