São Paulo (AUN - USP) - Ingressante de todos os cursos da USP participaram de palestra no dia 18 de março sobre as explosões que acontecem no universo e raramente são visíveis a olho nu. Ministrada pelo pesquisador do INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais) João Braga a apresentação fez parte do “Convite à Física”, um ciclo de palestras organizadas pelo Instituto de Física. O ciclo pretende apresentar a Física aos calouros numa linguagem simples e abordagem considerada até “superficial” por um aluno do segundo ano do próprio Instituto.
O palestrante explicou que o olho humano enxerga apenas um tipo de luz, como a do sol, chamada de luz visível. Por isso é capaz de ver estrelas apenas 1.500 vezes mais fracas que Sirius, a mais brilhante do céu. Já os telescópios disponíveis podem captar todo tipo de luz, como a radio e a infravermelha. Assim, enxergam estrelas cinco bilhões de vezes mais fracas que Sirius. Com eles é possível ver um homem na lua.
Esses instrumentos astronômicos possibilitaram a identificação e estudo dos eventos que ocorrem no espaço. Permitiram, por exemplo, que se estabelecesse uma linha evolutiva na “vida” das estrelas. Aquelas com massa menor que o equivalente a oito sóis tornam-se anãs brancas. Quanto menores mais massivas elas são. Se fosse possível conseguir uma colher de uma anã branca teria-se a mesma massa de vinte elefantes.
Quando as estrelas têm massa superior à de oito massas solares ocorre um processo que culmina com a explosão e formação de corpos muito brilhantes denominados supernovas. A linha evolutiva final das supernovas são as estrelas de nêutrons ou os buracos negros. Frequentemente visíveis a raios-X, uma colher de uma estrela de nêutron equivaleria à massa de toda a população da Terra.
O outro possível desfecho para uma supernova, os buracos negros, concentram toda a sua massa num único ponto. Possui um horizonte de eventos a 3 quilômetros do seu centro e tudo o que ali entra não sai jamais. Dessa forma, é possível estudá-lo apenas pelo seu entorno.
Os produtos finais da evolução das estrelas, as anãs brancas, as estrelas de nêutrons e os buracos negros, são chamados de objetos compactos. Quando colapsados com estrelas comuns, podem formar outro tipo de objeto, os burst de raios-X. Os burst são os objetos mais brilhantes observados no universo. Emitem em um segundo toda a energia que o Sol irá emitir em toda sua vida, de cerca de 10 bilhões de anos. Além disso, foi detectado um burst ocorrido apenas 825 milhões de anos depois do Big Bang. Através dele, portanto, é possível estudar o que ocorreu em um universo mais remoto.
Embora o Big Bang seja classificado como a maior explosão cósmica já vista, ele foi mais uma “expansão rápida do que uma explosão no sentido recorrente, no qual há um espaço preexistente”, corrigiu o professor.
O “Convite à Física” receberá palestrantes durante todo o semestre às quartas-feiras, no auditório Abrahão de Moraes. No próximo dia 25 às 18 horas o professor Carlos Aragão de Carvalho Filho, do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro, falará sobre a evolução do estudo da Física no tema As Fronteiras da Física.