ISSN 2359-5191

04/04/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 07 - Economia e Política - Escola Politécnica
Retomada do consumo pode tirar mundo da crise

São Paulo (AUN - USP) - A China e os Estados Unidos são os únicos países com condições de reverter a crise que afeta hoje a economia mundial. Foi o que afirmou o professor Jorge Hori, sócio-fundador e hoje sócio-gerente da Planasa - Planejamento e Assessoria Administrativa, em palestra na Escola Politécnica da USP.

Isso porque, segundo Hori, a crise real é a da demanda global. E a China e os Estados Unidos ainda são os países com maiores mercados consumidores e potencial para dar início à retomada da demanda.

A queda da demanda global veio como reflexo da crise financeira e da quebra de grandes bancos de investimentos norteamericanos, como a do Lehman Brothers no segundo semestre de 2008. A crise gerou pânico nos bancos, que pararam de dar créditos, e nas empresas, que pararam a produção, gerando demissões. Assustadas com a crise, a possibilidade de perder o emprego e as restrições do crédito, as pessoas pararam de consumir bens duráveis. Quem pôde, adiou suas compras.

A principal retração do consumo foi no mercado norteamericano, o que teve repercussão em toda a economia mundial. Os americanos já possuem a maioria dos bens duráveis, até os de alta tecnologia. São pouquíssimos aqueles que ainda não conseguiram comprar, por exemplo, a primeira televisão, o primeiro computador ou o primeiro carro. Por isso, o que eles consomem são os produtos com novas tecnologias, as novidades lançadas no mercado. A grande redução do consumo se dá porque essa compra para substituição de bens duráveis que já se possui é muito fácil de ser adiada quando a crise aperta.

Com o risco de quebra de novos bancos afastado com a ajuda dos governos, com a retomada do crédito e a crise financeira parcialmente controlada, Hori acredita que as atenções devem se voltar para o consumidor. É preciso criar possibilidades para a recuperação da demanda.

Os Estados Unidos só poderão salvar a economia mundial caso os americanos voltem a consumir. Mas para que isso ocorra, as empresas terão de criar produtos com grandes diferenciais que voltem a estimular os consumidores à substituição. Para Hori, a questão ambiental pode vir a ser esse grande diferencial. O apelo à produção verde, à indústria verde, à energia verde e a produtos mais duráveis, sustentáveis e menos prejudiciais ao meio ambiente será o provável caminho para voltar a atrair o consumidor.

Na China a realidade é outra. O país sofreu com a queda das exportações para os EUA, o que gerou muitas demissões, mas a economia continua crescendo, apesar de ter diminuído muito o ritmo. O acelerado crescimento econômico do país nas últimas décadas fez com que a renda chinesa em conjunto crescesse, formando uma considerável classe média. O aumento da demanda lá, portanto, não depende da criação de novas tecnologias e sim da primeira compra de bens duráveis.

A recuperação da demanda nesses dois países é essencial para possibilitar uma retomada ampla do consumo das pessoas em todo o mundo, seguida pelo consumo dos governos (nos serviços sociais gratuitos) e pelos investimentos.

Porém, a retomada da demanda chinesa, por depender da incorporação de novos consumidores ao mercado, terá conseqüências muito diferentes da americana. Como explica Jorge Hori, “o aumento do padrão de consumo chinês não dará espaço para a questão ambiental. Pelo contrário, terá grande impacto para o meio ambiente. Seguirá o modelo atual, que já se sabe ser ambientalmente insustentável. Será mais do mesmo”.

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