São Paulo (AUN - USP) - Molduras, uma metáfora para limites. Na exposição “Um mundo sem Molduras”, aberta no Museu de Arte Contemporânea da USP dia 26, a curadora Kátia Canton organizou trabalhos que flertam com a quebra de fronteiras típica do surrealismo e sugerem a união da arte com a vida.
Até dia 17 de Maio estarão reunidas fotografias, pinturas, vídeos, entre outras obras, de artistas brasileiros e estrangeiros na unidade do museu na Cidade Universitária, onde a curadora também leciona.
Como nas fotografias expostas de Adriana Guivo, onde aparecem flores de plástico artificiais ao lado de paisagens naturais, quebram-se limites o tempo todo. Há um vídeo no qual duas cenas contrastam: numa tela dividida em duas, uma mulher dentro de casa abre seu guarda-chuva de um lado, enquanto outra arruma sua mesa ao ar livre de outro. É a obra “Inside/Outside” de Angella Conte.
Nas palavras de Kátia Canton, a presença de características surrealistas na arte contemporânea - como mistura de realidade e sonho, concreto e imaterial, morte e vida – acontece “justamente a partir da falta de sentido gerada no contexto da cultura de acesso.” A perda das certezas e valores de gerações passadas aliada ao caos da informação em excesso produzem um homem moderno que acaba misturando o que antes era bem definido.
Nesse contexto, diz a curadora, “(...) talvez a arte seja um dos únicos jogos possíveis (...) e está inexoravelmente misturada com a vida.” A arte possibilita a brincadeira com os contrastes da existência e seu encontro em um mesmo objeto: a obra. “A arte contemporânea constrói uma narrativa enviesada buscando, no seu aspecto onírico, um novo tom para recriar e fazer transcender a própria vida”, completa.