São Paulo (AUN - USP) - O Instituto de Pesquisa em Energia Nuclear (Ipen), na Cidade Universitária, recentemente foi sede de um curso promovido pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão regimental ligado às Nações Unidas. O curso sobre proteção e segurança radiológica, com material e aulas preparadas por três especialistas brasileiros e um cubano, foi considerado um sucesso pela Agência e “há perspectiva de transformá-lo em um curso bienal para diversos países”, segundo o representante da AIEA, Ronald Enrique Pacheco Jimenez. Também existe a possibilidade de transformar o material produzido pelos especialistas em um training pack que seria disponibilizado em inglês e francês.
As aulas no Ipen foram ministradas para reguladores, técnicos responsáveis pelo licenciamento e pala inspeção e instalação de irradiadores na América Latina. Dos 34 alunos, dez são brasileiros. O restante foi pré-selecionado pelos governos de 18 países latinoamericanos e teve seu nomes aprovados por uma comissão da Agência Internacional de Energia Atômica. A seleção foi bastante rigorosa e havia limite de participantes. “As vagas são escolhidas a dedo”, afirma a aluna brasileira Cristiane Queiroz de Oliveira.
Os alunos participaram de aulas teóricas com debates, exercícios, palestras e acesso à um extenso material escrito. Também fez parte do curso as aulas práticas com a visita aos irradiadores que existem no próprio Ipen. As instalações do Instituto, bastante avançadas em relação ao restante da América Latina, foram um dos principais motivos para a escolha dele como sede.
Muitos dos participantes sequer tiveram contato com a tecnologia existente no Ipen, como Luc Antenor, do Haiti, que veio enviado pelo Ministério da Saúde haitiano para “conhecer o que pode vir a meu país”. Outros já trabalharam com irradiadores semelhantes, mas reconhecem a importância de um estudo constante sobre o tema. “O controle é muito complexo. A gente tem de estar sempre atualizado.”, afirma Marcello Santo Nicola, da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear).
O curso foi aprovado também pelos alunos. A brasileira Cristiane Queiroz conta que ele forneceu “muita informação que a gente não tinha” e o paraguaio Sergio Martín López Cáceres, da Universidade Nacional de Assunção, o classifica como um dos melhores a que já foi. A expectativa é que o material produzido para as aulas e durante o curso seja usado na sua realização em países da Europa, África e Ásia.