São Paulo (AUN - USP) - Em 2009, o Envelhecer Sorrindo completa 10 anos. Idealizado pelos professores da Faculdade de Odontologia da USP (FOUSP) Roberto Stegun e Maria Luiza Frigerio, o projeto sai do convencional das clínicas e dos livros e busca promover a qualidade de vida para idosos. Atendendo a média de 20 a 25 pacientes por dia, duas vezes por semana (e com mais de 500 nomes na lista de espera), a equipe, toda voluntária, trabalha tentando aliar melhorias na estética e na mastigação - as principais preocupações de seus pacientes.
A odontogeriatria não é disciplina na Faculdade de Odontologia (é especialização), mas o Envelhecer Sorrindo traz o tema para as três esferas básicas da Universidade: graduação, pesquisa e extensão. Os alunos da graduação podem se aprofundar no assunto através da Iniciação Científica, entrando em contato com casos que provavelmente não veriam durante o curso. O projeto trabalha com pacientes que não são aceitos na clínica odontológica da FOUSP – caso dos que têm doenças crônicas. Já o pilar da extensão se encontra no atendimento à população, principalmente porque mostra como é o envelhecimento e como esse pode ocorrer de forma saudável.
O projeto começou preocupado com a odontologia, principalmente com a implantação e a manutenção de próteses dentárias. Dentre os idosos há muita expectativa em torno da prótese. A doutora Maria Luiza Frigerio afirma que muitas vezes os idosos se negavam a usar as próteses novas porque a troca não trazia melhorias para a vida deles. Tendo isso em vista, passaram a procurar parcerias que trouxessem melhorias na qualidade de vida dos pacientes. A primeira, com o Instituto de Psiquiatria da USP, consiste na presença de uma arte-terapeuta na sala de espera. Enquanto esperam sua vez de ir para o consultório dos dentistas, os pacientes são envolvidos em atividades artísticas, como desenho e pintura.
Como a adaptação à prótese é muitas vezes desestimulante ao idoso, por acarretar mudanças na alimentação e na fala, foi feita uma parceria com fonoaudiólogos que auxiliam nessa fase do tratamento. Ainda nessa busca por qualidade de vida existem outras parcerias: com a Faculdade de Nutrição da USP, que elabora questionários para analisar a alimentação dos idosos; com o Instituto do Sono, da Escola Paulista de Medicina, que trata os distúrbios do sono dos pacientes; e com o Cepeusp, que busca a conscientização sobre a importância de manter um corpo saudável na velhice.
Todas essas parcerias, buscando integrar as diversas áreas da saúde do idoso, representam o primeiro passo para a pretensão maior do Envelhecer Sorrindo: a construção de um centro de envelhecimento. Nos dez anos de projeto, ficou claro que não é uma prótese que faz um idoso feliz, mas, sim, um envelhecer saudável e tranqüilo. Então, nesse local idealizado por Roberto Stegun e Maria Luiza Frigerio teriam médicos, odontologistas, nutricionistas e psicólogos, além de locais de lazer, como hortas e espaços de artesanato. Seria um local onde o idoso iria não apenas em busca de tratamento médico, como também para se distrair e passar o dia.