ISSN 2359-5191

02/05/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 16 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Física
Professor de Ciência não está preparado pra dar aula de Astronomia

São Paulo (AUN - USP) - A ausência de Astronomia nos cursos que formam professores de Ciências torna o ensino do assunto deficiente nas escolas. O problema, apresentado recentemente à estudantes de Física pela professora do Instituto de Física da USP, Cristina Leite, foi identificado durante curso de extensão ministrado por ela em janeiro de 2001 e 2005. O curso foi realizado com após entrevista com professores de 5ª a 8ª séries das redes municipal e estadual indicados pela delegacia de ensino.

Na simples tarefa de desenhar como eles percebiam o planeta em que viviam, muitos professores representaram uma Terra plana ou uma esfera com vertical absoluta, como se as pessoas fossem cair caso ficassem “de cabeça pra baixo”. Trabalhando com bolas de isopor a dificuldade foi ainda maior. “O ensino de Astronomia tradicionalmente trabalha com desenhos, representações planas. Quando pedíamos para que eles transpusessem isso para o espaço tridimensional eles não conseguiam visualizar”, falou Cristina.

A grande lacuna na formação desses professores decorre da não obrigatoriedade do ensino de Astronomia nos cursos que os formaram e da escassez de preocupação com a formação continuada do educador. Segundo a professora, como a maioria dos professores de Ciência que atuam no Brasil é formada em Biologia, o ensino da Física naturalmente fica defasado. O professor acaba estudando pelo próprio livro didático e se sente inseguro para dar aula.

Esse panorama se torna mais inquietante devido às limitações dos próprios livros didáticos na representação do universo. “Quem faz o livro não está preocupado com o que o aluno irá interpretar de uma figura sem escala ou proporção, desde que haja uma legenda com essa informação”, disse a professora. Contudo, esse foi um cuidado que ela teve no seu curso, a construção de modelos seguindo proporções e escalas tanto nos diâmetros dos astros quanto nas distâncias entre eles. Deste modo os professores conseguiram perceber os vazios do universo e relacioná-los à dificuldade de se realizarem viagens espaciais, por exemplo.

O curso, finalizado com a auto-avaliação dos professores, revelou ser crucial trabalhar com o espaço tridimensional. “Precisamos desenvolver a noção de espaço através de uma construção cultural”, disse a palestrante.

As pesquisas sobre o ensino da Astronomia no Brasil são recentes. De um total de 30 teses e dissertações sobre o assunto, 20 foram feitas nesta década, principalmente em 2006. Levantamentos sobre os trabalhos apresentados nos últimos 15 anos no Simpósio Nacional de Ensino de Física (SNEF) e na Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) mostraram que os temas mais pesquisados são o uso de recursos visuais, como telescópios, e o uso de concepções alternativas. Esse último consiste em, basicamente, questionar o conhecimento das pessoas sobre temas pré-estabelecidos.

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