São Paulo (AUN - USP) - importância do aluno na aprendizagem, frente ao professor e ao conteúdo escolar, foi o principal tema tratado pela professora Maria Isabel de Almeida, na palestra “O papel do professor frente à autonomia do estudante”. O evento realizado recentemente no Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP foi organizado pelo Centro de Aperfeiçoamento do Ensino de Matemática (CAEM).
Ela destaca que é preciso que se constitua uma situação de autonomia para o aluno. Que ele não se sinta preso ao educador nem aos livros. Portanto, certos recursos materiais que facilitem a reflexão sobre a aprendizagem são necessários. O educando precisa visualizar o porquê daquilo estar sendo ensinado, tirando suas próprias conclusões.
A abordagem da professora da Faculdade de Educação (FE) da USP enfatizou especialmente o papel do professor como condutor, de alguém que proporcione condições reais para o compartilhamento do saber. “O aluno deve ser o grande sujeito no sistema de ensino”, afirma Maria Isabel. Dessa forma, há uma contraposição com os antigos métodos praticados na escola, no qual os educadores se portavam como seres superiores, que detinham o saber. O ideal apresentado é uma relação de mutualismo, de troca em que o principal beneficiado tem que ser o aluno.
Assim, há a importância das temáticas apresentadas em sala de aula fazerem parte do cotidiano dos alunos. Na chamada “Aprendizagem Significativa”, o educando consegue assimilar com maior facilidade os conteúdos através de sua aplicação prática. Assim, a observação da funcionalidade desses assuntos em suas situações de vida ou mesmo dentro de outros conteúdos escolares é fundamental.
Nesse ponto, a professora Maria Isabel combateu o método de ensino aplicado pelas escolas de ensino médio. Segundo ela, essa etapa educacional é pautada apenas pelo conteúdo do vestibular, enquanto sua função primordial é a preparação ampla do educando para a sua vida adulta. Os educadores geralmente não cumprem a missão de encadear os assuntos escolares com a realidade aluno.
Contudo, autonomia não significa abandono. O acompanhamento dos professores é primordial para verificar se a proposta de conhecimento está sendo cumprida. O aprendizado pode ser tomado em qualquer ambiente cotidiano, mas o professor tem por papel sistematizá-lo e orientar os melhores caminhos a se percorrer. Segundo a palestrante, “a escola é um lugar organizado socialmente para se fazer de modo intencional e organizado o processo de ensino”.
Com finalidade de avaliar essa autonomia, é preciso que algumas ferramentas de auto-avaliação sejam desenvolvidas pelo aluno. Modelos que coletem evidências do alcance objetivos e normas dentro do que está sendo apresentado pelo professor. Esse sistema pedagógico, além de verificar a aprendizagem, pode também apresentar a auto-estima do educando em relação às aulas.
Além disso, a auto-avaliação pode representar uma maneira muito mais sincera de quantificação do conteúdo absorvido na escola. Isso bate de frente com o atual sistema de avaliação por meio de provas que, segundo a professora Maria Isabel, limita o resultado apresentado e não mostra o que o aluno realmente sabe em muitos casos.