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08/05/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 21 - Economia e Política - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Queda da taxa de juros deve ser cautelosa

São Paulo (AUN - USP) - A crise financeira trouxe desaceleração econômica, queda nas exportações e na produção, entre outros prejuízos ao país, e freou um crescimento que mostrava ser insustentável. Para o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-USP), Márcio Issao Nakane, era preciso “pisar no freio” mesmo se o mundo não estivesse passando por esses problemas, para prevenir o surgimento de “bolhas” de crédito. Por esse motivo, a cautela em relação à queda das taxas de juros é justificável para ele.

Além disso, a crise está se revelando menos catastrófica do que se acreditava no fim do ano passado. Pode-se apontar a alta das bolsas de valores no mundo inteiro, mas Nakane prefere valorizar os números ligados a vendas, produção e faturamento. “Os sinais que vêm do mercado financeiro não são muito confiáveis para saber se vamos sair da crise, pois as bolsas reagem de forma muito drástica a qualquer coisa”.

A queda da taxa de básica de juros, a Selic, para 10,25% ao ano (estava em 13,75% no início da crise, em setembro), foi anunciada na semana passada pelo Banco Central. Seu comandante, Henrique Meirelles, tem sido alvo de muitas críticas de jornalistas e até de membros do governo, que gostariam de uma redução mais acentuada, para estimular as compras e o crédito. O professor da FEA diz que há uma diferença entre os nossos desejos e o que o governo realmente pode fazer: “Reduzir a Selic drasticamente causaria um desequilíbrio enorme em todas as outras taxas de juros, o que seria irresponsável”. Para Nakane, há uma divergência interna entre o BC e o Ministério da Fazenda, comandado por Guido Mantega, mas ela não prejudica a economia do país, graças à mediação do presidente Lula.

Uma consequência da queda da Selic que preocupa o governo é a desvalorização dos fundos de renda fixa. Eles flutuam junto à taxa básica e diminuem seu rendimento, além de estarem sujeitos a taxas de administração e à cobrança de Imposto de Renda. Dessa forma, muitos grandes investidores migram para a caderneta de poupança, livre dessas taxas e com rendimento sempre fixo em 6%. “O BC se preocupa com essa situação, pois os fundos de renda fixa são investidos em títulos públicos, e o governo não quer perder esses investimentos”, afirma Nakane.

A previsão da maioria dos economistas é de que a Selic cairá até chegar a 9% ao ano, voltando a subir com a recuperação da crise. Para o professor, isso acontece devido a um medo de que os índices inflacionários subam, ou seja, que os preços aumentem. As eleições presidenciais de 2010 provavelmente não afetarão as decisões do Banco Central, e, se afetarem, será de forma negativa. “A equipe de Meirelles gosta de mostrar independência”, opina o professor. Para ele, a queda da Selic é uma das “coisas boas” que a crise pode trazer ao Brasil. “A economia em geral ainda está fraca, mas alguns pedaços dela estarão melhores em algum tempo. Os juros, por exemplo, podem subir, mas não chegarão a patamares tão altos quanto antes de setembro”, diz o economista, que dará palestra sobre esse assunto na FEA nesta sexta, dia 8, às 11h30.

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