São Paulo (AUN - USP) - Como parte das comemorações do centenário de Francisco Rebolo, um dos principais expoentes do Santa Helena, o Museu de Arte Contemporânea da USP apresenta a exposição Operários na Paulista – MAC USP e artistas artesãos. A mostra, que contempla todos os artistas do grupo, pode ser vista na Galeria de Arte do SESI (Serviço Social da Indústria – Av. Paulista, 1313) a partir do dia 16 de setembro.
O grupo que mais tarde seria conhecido como Santa Helena se formou nas décadas de 1930 e 40, montando ateliês no Palacete Santa Helena, número 43 da Praça da Sé, São Paulo. Alheio às manifestações vanguardistas européias, era formado por operários imigrantes ou filhos de imigrantes, pintores de paredes, decoradores, torneiro, bordador, ourives, ferreiro e açougueiro. Empenhados em aperfeiçoamentos técnicos como o acabamento, sem reconhecimento crítico, registravam ambientes e personagens populares das regiões suburbanas brasileiras, presentes nas paisagens naturais do País ou sob a luminosidade cinza das fábricas de uma época que vivia a aceleração industrial, com grande presença da imigração italiana.
Além do acervo do museu, a exposição conta com obras cedidas pelo Instituto de Estudos Brasileiros da USP (IEB), pelo Palácio do Governo do Estado de São Paulo e de coleções particulares. São cerca de 100 obras de Rebolo, Pennacchi, Volpi, Graciano, Bonadei, Manoel Martins, Zanini, Humberto Rosa e Rizzotti.
Inserida em uma série de parcerias entre o SESI e o MAC, a escolha do espaço também faz referência ao título da exposição. Mário de Andrade deu o nome de "artistas proletários" ao grupo em função da origem social dos integrantes e de suas características artesanais. De origem humilde, eles souberam extrair os benefícios da associação fazendo da arte um ofício para a própria sobrevivência.
O próprio Rebolo afirmou que o traço comum da santa-helenistas era "não gostar dos acadêmicos e querer a “pintura verdadeira” que não fosse anedótica ou narrativa - “a pintura pela pintura". O pintor foi jogador do Corinthians, clube cujo distintivo ele desenhou.
Segundo a diretora do MAC e uma das curadoras da exposição, professora Elza Ajzenberg, o objetivo principal de Operários na Paulista é motivar a discussão sobre o papel social do artista. "Através de obras do grupo que surge nesse período, a mostra é um recorte histórico do segundo momento do modernismo brasileiro, e estimula reflexões sobre a arte: a questão social, o ofício de artista e a modernidade”. Ela também ressalta o diálogo com outra exposição: “Rebolo – 100 anos”, promovida pelo Museu de Arte Moderna (MAM - Parque do Ibirapuera).
A mostra faz referência a dois movimentos ligados ao Santa Helena: a Família Artística Paulista, cujas exposições pretendiam dar visibilidade a artistas de fora dos salões acadêmicos; e a Osirarte, indústria de azulejos criada pelo italiano Paulo Rossi Osir, onde atuavam alguns santelenistas. O contexto histórico também é abordado através de fotografias da época e de uma reprodução do cenário em que se desenvolveram suas pinturas.
Exposição: Operários na Paulista – MAC USP e artistas artesãos
Curadoria: Daisy Peccinini e Elza Ajzenberg
Abertura: 16 de setembro, a partir das 19 horas
Período: 17 de setembro de 2002 a 19 de janeiro de 2003
Local: Galeria de Arte do SESI – Avenida Paulista, 1313
Funcionamento: Terça a sábado das 10 às 20, domingo das 10 às 19 horas
Agendamento: (11) 3146-7405
ENTRADA FRANCA
Sobre o MAC Criado em 1963 a partir do acervo do MAM, o Museu de Arte Contemporânea conta com um acervo de quase oito mil obras, incluindo óleos, desenhos, gravuras, esculturas, objetos e trabalhos conceituais de artistas como Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Victor Brecheret, Tarsila do Amaral, Rego Monteiro, Candido Portinari, Hélio Oiticica, De Chirico, Boccioni, Picasso, Miró, Modigliani, Matisse e Kandinsky, entre outros.
O museu disponibiliza o serviço de visitas orientadas para pequenos grupos ou grupos escolares de terça a domingo, com agendamento prévio. Também são oferecidos cursos e ateliês, tanto especializados como para a comunidade em geral. Informações pelo telefone (11) 3091-3161. Endereço: Rua da Reitoria, 160, Cidade Universitária – São Paulo-SP.