ISSN 2359-5191

12/09/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 16 - Saúde - Instituto de Pesquisas Energéticas
Instituto na USP constrói laboratório inédito no hemisfério sul

São Paulo (AUN - USP) - A partir de setembro, os cientistas do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), localizado no campus da USP da Capital Paulista, se concentram na construção dos equipamentos do primeiro laboratório do hemisfério sul produtor de sementes de iodo 125 – material radioativo utilizado no tratamento do câncer de próstata. As instalações básicas já foram concluídas. O objetivo é fornecer, em escala comercial e com tecnologia nacional, oito mil unidades às clínicas e hospitais de todo o País. A demanda atual é de três mil. O financiamento do projeto, de um milhão de reais, ficou por conta da Fapesp.

O preço de cada semente hoje é de US$ 36,00. Numa cirurgia, são utilizadas de 80 a 120 unidades. "Estimamos que em dois anos o laboratório deva estar implementado e produzindo cada semente a US$ 20,00, pelo menos", conta a chefe do Laboratório de Produção de Fontes Radioativas para uso em Radioterapia e da Divisão de Projetos do Centro das Tecnologias das Radiações, ambos do Ipen, Maria Elisa Rostelato.

Maria Elisa explica que atualmente apenas multinacionais detêm a tecnologia. "Mas agora será produzida dentro de um instituto que não visa lucros." Em 1998, a classe médica propôs ao Ipen que desenvolvesse um similar nacional. Em abril de 2000, o primeiro protótipo era lançado. O País se tornava o terceiro do mundo a ter a semente. Antes, somente EUA e Inglaterra possuíam a técnica. Atualmente, somente oito companhias no mundo têm a tecnologia.

As inovações brasileiras foram duas: a adsorção do iodo na prata e a metodologia de soldagem da cápsula. A semente tem uma capa de titânio, com um núcleo de prata onde é colocado o iodo 125. Em seguida, a cápsula é soldada nas duas pontas. Ela mede 0,8 mm de diâmetro e 4,5 mm de cumprimento. "É menor do que um grão de arroz", compara Maria Elisa.

O tratamento médico que se vale das unidades de iodo é a braquiterapia. É um método diferente da radioterapia porque ou é feita no local do tumor ou próximo dele. O implante é feito com o auxílio de agulhas específicas, na região entre o reto e o escroto. “Elas ficam definitivamente no organismo humano, mas a radiação emitida pelo iodo 125 dura cerca de dez meses”, explica a cientista do Ipen. Segunda ela, 48 horas após a cirurgia o paciente já desenvolve suas atividades normalmente.

A equipe responsável pelo laboratório é formada por cinco profissionais. Maria Elisa acredita que esse número irá dobrar quando o laboratório estiver em pleno funcionamento. Futuramente, ela espera também patentear a versão brasileira.

Mais informações: (0XX11) 3816-9267, com Maria Elisa ou pelo e-mail elisaros@net.ipen.br

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