ISSN 2359-5191

07/06/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 28 - Sociedade - Faculdade de Direito
Ignorância faz cobertura do Judiciário no Brasil ser medíocre
Senso comum e falta de informação distanciam o direito do entendimento da população, diz apresentador do CQC

São Paulo (AUN - USP) - “O riso corrige os costumes”. Poderia facilmente ser este o mote do programa CQC (“Custe o que Custar”), sucesso da televisão aberta, que trata de maneira cômica a política e a sociedade brasileira. O lema é, todavia, da Faculdade de Direito da USP, e inspiração para os futuros advogados. No entanto, mesmo com princípios parecidos; tanto o CQC quanto outros programas jornalísticos têm dificuldade de cobrir o Judiciário.

Isso não impediu os alunos do Centro Acadêmico XI de Agosto de convidarem um jornalista para o pátio das Arcadas. De ‘Ernesto Varella’, á apresentador do CQC, Marcelo Tristão Athayde de Souza, ou simplesmente Marcelo Tas, foi considerado a melhor personificação do lema da faculdade do largo São Francisco. Em um palco improvisado, Tas respondeu sobre a TV Cultura, a Lei Rouanet, twitter, e outros assuntos. Mas foi sobre o atual trabalho do apresentador que os presentes mais questionaram.

Tratando de política de forma jornalística e cômica ao mesmo tempo, o CQC se situa no limiar da apuração dos fatos e do entretenimento; diferente de qualquer outro programa atual da televisão brasileira. Tas, no entanto, reconhece como um grande defeito do programa a pobre cobertura realizada do Judiciário. Segundo ele, essa característica não é só do programa, mas é também um problema do jornalismo no Brasil e de sua sociedade como um todo.

Dentro do universo jornalístico, ele aponta a ignorância dos próprios profissionais como a principal causa disso. “O jornalista precisa trabalhar como um tradutor para que a população entenda essas coisas”, disse o apresentador. Já entre os expectadores, ele afirma existir neles impregnado um senso comum de que “a lei não funciona”, o que afasta ainda mais o direito da vida cotidiana. Contudo, Tas acredita firmemente que um programa que esclareça essas questões para a população, com uma linguagem clara e objetiva, despertaria o interesse de muitos brasileiros. “A mentalidade do brasileiro evoluiu muito, mais do que conseguimos enxergar!”.

Defeitos à parte, o CQC cobre com ousadia e irreverência os acontecimentos e escândalos do Legislativo e do Executivo. “Somos sete caras feios de terno e gravata. Nosso atrativo é a abordagem.”, diz ele. Presença garantida no congresso, os repórteres do programa já realizaram entrevistas clássicas e hilárias como as de Paulo Maluf, feitas sempre com respeito ao entrevistado. A ética, para o apresentador, é um limite que não pode ser cruzado nesse processo, seja qual for a situação. Segundo Tas, desrespeitar acusados de corrupção, como Maluf, não leva a nada. “Maluf é só um sintoma. Devemos mudar aqueles que votam nele”.

Em meio a referências aos programas infantis dos quais ele já havia participado, a discussão se encerrou com Marcelo Tas pedindo sugestões aos futuros juristas presentes para que o CQC abordasse melhor o judiciário, dali para frente. De acordo com ele, o direito de mãos dadas com o jornalismo trará mudanças, e que o povo brasileiro será capaz de absorvê-las.

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