São Paulo (AUN - USP) - Faltam profissionais na área de administração de empresas de surf que conheçam bem o esporte e tenham formação acadêmica nos negócios. Foi o que afirmou Felipe Silveira, CEO da Rip Curl Brasil, em palestra ministrada na Escola de Educação Física e Esporte da USP (EEFE-USP).
De acordo com ele, “o surf é um esporte de valores, um estilo de vida”. Por causa disso, é importante que as empresas do setor empreguem pessoas que gostem do esporte e que entendam suas particularidades. Porém, entendedores de negócios são essenciais para que a empresa caminhe bem no mercado. Busca-se, portanto, um equilíbrio entre os entusiastas e os especialistas.
Essa foi uma das razões para que o Instituto Brasileiro de Surf (Ibrasurf), em parceria com a Empresa Junior da EEFE (EEFUSP), organizasse um curso de Administração no Surf. De acordo com Alexandre Zani, ex-aluno da EEFE e idealizador do projeto, é preciso preparar os interessados para esse mercado de trabalho, que tem demandas crescentes.
Outro motivo que fez com que Alexandre tomasse essa iniciativa foi sua percepção de que a faculdade não dava o enfoque necessário ao esporte. “Era muito difícil ouvir alguma coisa sobre o surf aqui”, afirmou. Por isso, quando ele começou a trabalhar na Ibrasurf, sugeriu essa parceria. “Era uma coisa que eu sentia falta como estudante”.
Pé na areia
Em sua palestra, Silveira explicou que a Rip Curl Brasil mudou sua sede de São Paulo para o Guarujá, visando ambientar mais a empresa ao estilo de vida do surf. “Morando na praia há uma diferença na maneira que você pensa o negócio”. A política da empresa permite que o funcionário possa sair pra surfar no meio do expediente, “para arejar as idéias e trazer inspirações para o trabalho”. Além disso, há um contato muito mais direto com o público alvo. Assim, pode-se analisar as tendências e testar os novos produtos mais rapidamente.
Ele explicou que essa é uma política de todas as Rip Curl pelo mundo. “É importante manter a mesma filosofia [que as outras filiais] porque a marca carrega um significado muito forte para quem a usa”. Isso é muito condizente com o discurso da empresa de que seu foco é o consumidor: “não queremos ser a maior marca, queremos ser a melhor”.
O diretor também afirmou que o modo como os estrangeiros fazem o negócio não deve ser desprezado, porque o mercado no Brasil é muito recente. Os primeiros investimentos diretos de multinacionais nesse setor ocorreram apenas em 2002, e ainda há muito que explorar.
Apesar de enfatizar que a formação acadêmica é importante, Felipe ainda considera o envolvimento com o surf essencial para um bom trabalho. “Fiz muitos cursos e especializações, mas o melhor curso para eu estar aqui foi ser surfista”, confessou o CEO, ex-surfista profissional e ainda praticante.