São Paulo (AUN - USP) - Reduzir gastos e aumentar a produção na extração de petróleo. Estes são os objetivos do novo motor desenvolvido pela Escola Politécnica da USP. O chamado MILT, ou motor linear tubular é resultado da tese de Doutorado de Bernardo Alvarenga, do Departamento de Energia e Automação (PEA). Diferente de qualquer outro já produzido no mundo, o sistema pode representar grande avanço para a produção brasileira do mineral.
Já em fase de testes, o aparato pretende substituir o sistema de extração artificial utilizado atualmente, conhecido como “cavalo-de-pau”, devido à semelhança do equipamento com o brinquedo. “O protótipo do MILT, de 2,50m, que construímos custou R$ 20.000,00 e produz uma força de 200 kg, o que daria para um poço de 50 m de profundidade”, afirma Alvarenga.
Composto basicamente de um cabo de energia, um controlador eletrônico, uma bomba, além de uma parte móvel (secundário) e uma fixa (primária), o invento tem um formato tubular, próprio para o movimento de sobe-e-desce. Ao invés de girar, como o tradicional, o MILT tem um deslocamento transversal.
Quando o “primário” é energizado de forma adequada, o secundário se move de acordo com a necessidade da bomba. “Agora, basta pensarmos numa forma de conectar o secundário à bomba”, ressalta Alvarenga.
O MILT vai ser utilizado para realizar o movimento de sobe-e-desce, necessário para a operação da bomba, que fica no fundo do poço petrolífero. No sistema tradicional, o "cavalo-de-pau" faz este movimento. A extração se dá quando a cabeça de cavalo sobe, impulsionando o óleo até a superfície, por meio de hastes metálicas.
Apesar de utilizado em larga escala, o sistema atual apresenta deficiências. Além de limitarem a profundidade de bombeamento, as hastes sofrem desgaste e, com o tempo, podem até se romper. Daí a exigência de manutenção e gastos constantes.
“Nosso motor irá reduzir os custos da exploração, já que ele não precisa das hastes. Isso porque o motor vai ficar instalado no fundo do poço, junto com a bomba. O que não acontece no cavalo de pau, cujo sistema mecânico também fica na superfície”, explica.
Para avaliar o quanto as companhias petrolíferas irão economizar, o MILT precisará ser instalado num poço para verificar sua operação e desempenho. Só assim, é possível comparar esses resultados aos obtidos num poço convencional idêntico. “Mas, antes disso, precisamos ainda realizar um levantamento detalhado das características elétricas do motor”, diz.
Realizados os testes, o novo sistema poderá ser comercializado. Ainda não há previsão para a entrada no mercado. Embora conte com o amparo da Fapesp, o projeto necessita de mais recursos para ser finalizado e testado.