São Paulo (AUN - USP) - Com o objetivo de pesquisar os impactos ambientais na região do Iporanga, SP, cidade onde grande parte do Parque Estadual do Alto Ribeira, PETAR, se situa, o doutorando da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Leandro Giatti, acabou conduzindo um trabalho de educação sanitária para os moradores da comunidade mais próxima, o Bairro da Serra. A população é basicamente ribeirinha e hoje depende muito do turismo.
Leandro esteve na região com três alunas suas do curso de enfermagem da Universidade das Faculdades Metropolitanas Unidas. Por meio de palestras e atividades, eles expuseram os pontos de saneamento mais fundamentais para a utilização da água e dispensa de dejetos, por exemplo. “O resultado foi bem positivo. Com as crianças, nós empregamos atividades lúdicas, com livros de gravuras e o retorno foi imediato”. Já para os jovens de quinta a oitava série e adultos da comunidade, Leandro optou por expor palestras e responder questões em seguida. “O pessoal mais velho á mais difícil de mobilizar”, lamenta.
O trabalho, na verdade, começou com a verificação das casas, semanas antes. Foram feitas entrevistas a fim de saber o grau de conhecimento da população quanto à transmissão, tratamento e prevenção de verminoses e outras doenças comuns. O resultado foi insatisfatório.A captação de água de cavernas e seu uso sem nenhum tratamento são normais para a maioria dos moradores. Não há rede de esgoto no bairro (os dejetos são despejados em pequenos córregos, após a utilização de fossas sépticas rudimentares) e o “lixo é aparentemente bem equacionado: é despejado em um aterro fora da comunidade e do parque”.
O doutorando lembra que sem uma efetiva “rede de esgoto e de saneamento básico, não se resolve o ciclo de transmissão das doenças” e a “Sabesp, com uma mentalidade empresarial” parece não estar muito preocupada, pois até hoje os projetos não saíram do papel.
A pesquisa global de Leandro trata das influências do turista na região do PETAR. O grande empecilho para a região é a degradação de áreas preservadas. As cavernas são ameaçadas com o mínimo de vandalismo que pode ocorrer dentro delas. A simples presença do turista já abala a qualidade climática do ambiente. Daí o agravamento do problema nos feriados e férias. Leandro defende a tese que com uma promoção de turismo distribuído, sazonal, tanto os moradores ganhariam financeiramente quanto o parque.
Além disso, “a carência de educação e cultura inferioriza o morador de Bairro da Serra, que depende do turismo”.Gradualmente, os moradores estão percebendo essa deficiência e já estão se engajando nos projetos do próprio PETAR. “Ex-cortadores de palmito estão trabalhando para o combate daquela que era sua atividade ganha-pão”,constata o doutorando.