ISSN 2359-5191

16/06/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 36 - Sociedade - Instituto de Relações Internacionais
Professor aborda na USP desrespeito aos direitos humanos

São Paulo (AUN - USP) - A contradição dos EUA ao defender a paz e promover a guerra não é algo exclusivo do país, mas uma característica de todo o século XX. “Nunca um século viu tantos órgãos de direitos humanos serem criados e desrespeitados ao mesmo tempo. Tivemos a bomba atômica e a criação da ONU”, afirma o professor Reginaldo Nasser em seminário organizado pelo Instituto de Relações Internacionais (IRI-USP). Segundo ele, ações como a invasão do Iraque não são consideradas autoritárias por eles, pois seriam apenas a função da nação mais competente do mundo: ajudar os países que não conseguem se erguer com as próprias pernas.

Outra contradição americana, o tratamento diferenciado dado para o projeto nuclear da Coreia do Norte e do Irã em relação ao da Índia e de Israel, também faz sentido para o cidadão americano. “Avaliam-se os fins e a racionalidade do país e não os meios. Por isso, a União Soviética era considerada no mesmo nível de racionalidade, apesar de ter sido um inimigo”. Para o professor, a importância da política externa para os EUA é fundamental, tanto que o Afeganistão foi mais discutido na última campanha presidencial do que os problemas internos do país.

Nasser, que atualmente leciona na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), acredita que, ao estudar a história americana, deve-se tentar pensar como eles. Segundo o professor, essa “ideia de que é possível e necessário cuidar bem do mundo”, nasceu junto do liberalismo americano, que é diferente do europeu. O sistema político e econômico que prima pelo direito à propriedade e liberdade de expressão, entre outros itens, tinha nos EUA o diferencial da grande preocupação com a política externa. Desde a Guerra que travaram contra a Espanha, em 1898, o país assumiu a responsabilidade pela estrutura de uma nova ordem mundial, na qual eles enfraqueceriam o domínio europeu.

Essa ideologia rejeitava toda a tradição britânica e se baseava no orgulho de ser forte apesar da história de colonização. Os americanos começaram a acreditar que eram uma nação diferente e de maior capacidade. A metade do século XX e as Guerras Mundiais trouxeram a desagregação dos impérios na África e na Ásia e os EUA assumiram uma posição paternalista com esses países, como já fazia com a América Latina desde o século XIX. “Política externa e ordem viraram sinônimos”, diz Nasser. Desde então, os americanos têm esse senso de responsabilidade pelo mundo, segundo o professor.

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