ISSN 2359-5191

18/06/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 38 - Educação - Instituto de Psicologia
Documentário reforça importância da luta antimanicomial

São Paulo (AUN - USP) - A lei antimanicomial, de 6 de abril de 2001, cria condições legais para acabar com os hospitais psiquiátricos no Brasil. Mas como ficam as pessoas que necessitam de internação nessas instituições? Foi essa pergunta que motivou a psicóloga Miriam Chnaiderman a realizar o documentário “Procura-se Janaína”.

O filme conta a história de uma criança que esteve na Febem (atual Fundação Casa) nos anos 80. Janaína foi abandonada pela mãe quando ainda era bebê. Devido a todo sofrimento por que passou, ela tinha dificuldade de estabelecer contato com o mundo e começou a receber tratamento nos primeiros anos de vida. Em 1984, quando a clínica da Febem foi fechada, ela foi transferida. Após diversas transferências, Janaína chegou a um hospital psiquiátrico em Sorocaba, interior de São Paulo, onde está até hoje. Todos os progressos que a menina havia conseguido nos anos de tratamento foram perdidos. Ela não fala, apenas repete mecanicamente o que os outros dizem, e não tem autonomia para tomar suas decisões.

O documentário foi exibido recentemente no Instituto de Psicologia da USP durante o Primeiro Encontro de Saúde Mental, organizado pelos alunos. Após a exibição do vídeo, Miriam defendeu o afeto como melhor ferramenta de apoio aos portadores de distúrbios mentais e ressaltou a importância da reforma psiquiátrica, que permite ao doente a convivência com outras pessoas. Isso faz o paciente lidar com outros assuntos e não ficar limitado à sua doença. Por esse motivo, a psicóloga diz que é preciso abrir as portas dos hospícios: “Mesmo a rua é melhor do que o manicômio e nas ruas eles recebem cuidados”.

Além deste documentário, Miriam tem outros trabalhos como "Dizem que sou Louco", sobre moradores de rua, e "Passeios no Recanto Silvestre", sobre José Agrippino de Paula, cineasta e escritor. “Procura-se Janaína” ganhou diversos prêmios e está disponível na fundação Osvaldo Cruz para uso escolar e de pesquisa. Mais do que uma história comovente, o filme é parte da luta para que vidas como a de Janaína possam ter um fim diferente. Apesar das premiações, Miriam afirma que o mais gratificante é ver seu trabalho despertar discussões e motivar ações que podem mudar a realidade dos doentes mentais no Brasil.

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