ISSN 2359-5191

23/06/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 40 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Física
São Paulo tem nível de poluição muito acima do recomendado pelo OMS

São Paulo (AUN - USP) - A cidade de São Paulo e outras quatro capitais brasileiras apresentaram concentração de poluentes acima do parâmetro estabelecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde). A conclusão é de um estudo conjunto do professor do Instituto de Física, Américo Kerr, e pesquisadores do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) e da Faculdade de Medicina da USP. Embora o órgão da ONU diga que a concentração acima de 10 microgramas por m3 é nociva à saúde humana, São Paulo lidera o ranking de cidades poluentes com 28 microgramas de poluentes por m3, seguida por Rio de Janeiro com 23, Porto Alegre, Belo Horizonte e Curitiba com 16 e Recife com 11.

A medição foi iniciada com filtros coletando o material particulado (poeira composta por ferro, cálcio, alumínio e chumbo, enxofre e vanádio) com menos de 2,5 micrômetros de diâmetro da atmosfera. Para efeito de comparação, 1 micrômetro é do tamanho da milésima parte de um grão de arroz. O material visível a olho nu, com 2,5 a 10 micrômetros de diâmetro, não é objeto da pesquisa por dois motivos: a maior parte cai mais rápido do que conseguimos aspirar e o que é aspirado fica preso nas vias respiratórias superiores. Ou seja, não causa doenças respiratórias por não entrar em contato com o pulmão.

O filtro coleta entre 100 e 150 microgramas (1 micrograma é 10-6 grama) de material. O processo de pesagem exige um cuidado extra porque, dado que a massa é muito pequena, qualquer interferência da umidade, da temperatura ou da carga elétrica do material pode alterá-la. Em seguida as concentrações do material recolhido na atmosfera são calculadas e comparadas com os parâmetros estabelecidos pela OMS, já que o Brasil não tem legislação específica para o assunto.

Além de quantificar, a pesquisa qualifica os poluentes através de um processo físico chamado florescência de raios-X. O processo consiste em bombardear o material com raio-X, o que retira um elétron da camada mais interna do átomo. Assim, elétrons de camadas mais externas tendem a ocupar o lugar vago, da mesma forma que ocorre quando tiramos um livro de debaixo de uma pilha. Mas o elétron da camada externa precisa liberar energia – na forma de fóton – para poder preencher o lugar do átomo que foi arrancado. E é essa energia que permite a identificação do elemento químico ali presente, visto que cada elemento possui uma energia característica.

Contudo, essa energia corresponde ao elemento – cálcio (Ca), enxofre (S), por exemplo - e não à substância, como ácido sulfúrico (H2SO4). Para saber qual a substância envolvida o professor Kerr utiliza uma amostra de massa conhecida e mede a quantidade de energia emitida por ela. Calculando o quanto dessa energia é liberada por unidade é possível saber quantos átomos do elemento estão presentes e determinar qual é a substância.

Conhecendo os poluentes do material coletado os pesquisadores podem confrontar os dados com a composição das fontes emissoras, sejam elas escapamentos de carros, indústrias ou o próprio solo. Além de descobrir qual a participação de cada fonte na concentração total de poluentes, os dados podem mapear seus efeitos e danos à saúde humana.

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