ISSN 2359-5191

25/09/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 18 - Economia e Política - Instituto de Psicologia
Palestra traça perfil do empreendedor

São Paulo (AUN - USP) - Tendência maior a correr riscos, menos reação ao fracasso e busca constante por inovação são algumas das características atribuídas à figura do empreendedor. O tema, exposto pela professora Rose Mary Almeida Lopes, do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da USP, iniciou o “Ciclo de Palestras sobre Potenciais Humanos”.

O estudo dos empreendedores brasileiros ainda é pouco desenvolvido. Segundo Rose Mary Lopes, os psicólogos não se deram conta da dimensão dessa área. Isso se torna especialmente preocupante em um país onde um dos assuntos mais discutidos é o crescimento da economia.

O primeiro objetivo da palestra foi definir a figura do empreendedor, tendo como base estudos realizados na área. Ao contrario do que se pensa o empreendedor não é necessariamente um grande empresário. É qualquer proprietário de uma empresa, que a gerencia não apenas a fim de obter renda para a continuação do negócio, mas orientado para o crescimento.

Através da análise de trabalhos realizados na Índia, nos EUA e em Malawi (um dos países com menor nível de empreendedorismo do mundo), foi possível traçar um perfil do empreendedor. Situações de incerteza não são obstáculos para o empreendedor. Estudos mostram que de maneira geral ele tem uma tendência maior a correr riscos, ainda que sejam riscos moderados e calculados. Essa tendência é justificada pelo fato de apresentarem alto grau de autoconfiança e por serem menos influenciáveis pela falta de credibilidade de agentes externos ao seu projeto. Além disso, são menos reativos ao fracasso, ao desassociar a maioria das experiências anteriores que não deram certo da experiência atual.

A busca pela inovação também é um de seus objetivos. Essa inovação não significa somente a criação de um produto diferenciado, mas pode ser a mudança de uma relação de compra ou produção. Uma das maiores revoluções no mercado foi o da “compra a prazo”, instituída por um empresário norte-americano, que a fim de aumentar sua venda de maquinarias agrícolas, financiava as compras até o período de colheita.

Um dos grandes desafios da área é o treinamento de novos empreendedores. Estudos comprovam que mesmo na fase adulta as motivações são aprendidas, ao se colocarem novos objetivos. É esse o intuito dos componentes comportamentais de treinamento, que pretendem não só desenvolver o ferramental da ação empreendedora, mas também as características que parecem ser comuns aos empreendedores de sucesso.

Os países onde estes componentes mais se destacam é a Índia, país com alto grau de empreendedorismo, devido ao suporte da rede bancária a esse desenvolvimento, e os Estados Unidos. Os resultados de estudos empíricos mostram que nas cidades indianas, onde o treinamento vem sendo aplicado, as horas de trabalho dos indivíduos treinados aumentaram, criaram-se novas empresas, o montante de capital investido aumentou, assim como o faturamento bruto.

No Brasil a experiência ainda é pequena. O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores, desenvolve três programas de treinamento: Empretec, Saber Empreender e Jovens Empreendedores. Os resultados desses programas, nos nove estados brasileiros em que eles foram aplicados, ainda estão sendo analisados.

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