São Paulo (AUN - USP) - Quando se fala em Hospitais Psiquiátricos, o que predomina no imaginário da população é o modelo antigo em que portadores de toda a gama de psicopatologias eram internados em um mesmo espaço. Esse modelo é ultrapassado e considerado improdutivo e muito estressante para o paciente. Segundo o professor Valentim Gentil, da Faculdade de Medicina da USP, esse conceito não se aplica ao sistema adotado atualmente pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas.
Em palestra durante o Primeiro Encontro de Saúde Mental, realizado no Instituto de Psicologia da USP, o professor afirmou que para otimizar resultados, o Instituto de Psiquiatria (IPq) da Universidade passou por reforma no fim da década de 90. Valentim lembra que o prédio, que havia sido construído na década de 70, possuía amplos corredores e salas pequenas, era um lugar ruim para os pacientes e para seus trabalhadores. No mesmo espaço, misturavam-se doentes com todos os tipos de problemas, desde usuários de drogas até histéricos.
Na reforma da década de 90, toda a parte interna do prédio foi derrubada. Foram construídas alas específicas para cada tipo de problema, e apartamentos para doenças infecciosas. Assim, a estrutura manicomial tradicional foi substituída por um ambiente moderno e mais agradável para os que o frequentam.
A modernização das instalações do IPq quase não foi possível. Isso porque em 1992 foi proposta uma lei para proibir a construção e a ampliação de hospitais psiquiátricos e similares em todo o estado de São Paulo. O Projeto de Lei 366 nunca foi aprovado e a mudança na ala psiquiátrica do HC pode acontecer. Isso não teria ocorrido no Rio Grande do Sul, pois uma lei similar à proposta em São Paulo foi aprovada nesse estado e, em 2001, a lei antimanicomial foi aprovada e dificultou a internação de portadores de distúrbios mentais em hospitais especializados em todo o país.
Para Valentim, essa lei não auxilia o paciente. Afinal as internações em hospitais gerais e a rede de assistência aos portadores de doenças mentais não substituem um hospital psiquiátrico moderno. O primeiro porque não há como um hospital geral de tamanho médio ter atendimento específico para todo tipo de problema psíquico e o segundo porque os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) oferecem basicamente cuidados intermediários de regime ambulatorial e não aceitam internações.