ISSN 2359-5191

15/07/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 47 - Sociedade - Escola de Educação Física e Esporte
Esporte paraolímpico brasileiro pode perder qualidade se não investir nas bases, afirma especialista

São Paulo (AUN - USP) - A coordenadora do Grupo de Estudos Em Esporte para Pessoas Portadoras de Deficiência da Escola de Educação Física e Esporte da USP (EEFE-USP), Elizabeth de Mattos, afirma que a Lei Piva trouxe o dinheiro que o Comitê Paraolímpico Brasileiro precisava. O problema é que o investimento fica apenas nos atletas de ponta, os clubes que preparam os atletas de base não recebem incentivos.

A Lei Piva foi sancionada em 2001, e afirma que 2% de todo lucro obtido nas loterias federais seria repassado para os comitês olímpicos: 85% desse valor seria destinado ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB), e os 15% restantes, ao Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB). Com essa remessa de dinheiro, o CPB conseguiu investir em uma nova sede, transferida para Brasília, e melhorar os campeonatos regionais. Os vencedores desses torneios jogam entre si e daí saem as seleções brasileiras que competem nos campeonatos mundiais e nas Olimpíadas.

Daniel Dias, o nadador brasileiro que conseguiu nove medalhas nas Paraolimpíadas de Pequim 2008, por exemplo, foi descoberto em um desses campeonatos. O CPB começou a investir nele, e esse ano ele foi o vencedor do Prêmio Laureus, o Oscar dos esportes.

Segundo Elizabeth, quando o CPB investe no atleta em si e não no clube que ele representa, para o atleta isso é vantajoso, porque ganha mais benefícios e prestígio. Mas o clube, sem a renda do patrocínio que o atleta recebia, acaba tendo dificuldade de se manter no mercado. “E se o clube não tiver estrutura, não terá outros ‘Danieis’ daqui a alguns anos”, argumenta a professora.

Foi o que aconteceu com a Confederação Brasileira Desportiva para Cegos (CBDC). Elizabeth afirma que ele fez muito para o esporte para deficientes, mas hoje está quase instinto, por causa de dívidas e de má administração. No esporte olímpico ocorre o contrário: o COB não dá incentivo ou apoio aos seus atletas, que dependem de seus clubes para se manterem.

A pesquisadora explicou que o sucesso da equipe brasileira ocorre porque há investimento nos atletas que já eram bons antes, mas não há preocupação com a formação de novos talentos. “Por enquanto o trabalho do CPB está dando certo, tanto, mas me preocupo se daqui a alguns anos teremos tantos atletas fortes assim”.

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