ISSN 2359-5191

20/07/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 52 - Saúde - Instituto de Psicologia
Presença do médico serve de tratamento para loucura

São Paulo (AUN - USP) - No tratamento de pacientes com distúrbios psicológicos, a figura do médico é tão importante quanto qualquer remédio. Sua maneira de se comportar, de se vestir e até mesmo o posicionamento de sua sala nos hospitais influenciam uma possível cura que possa ter o paciente psiquiátrico. O professor Vladimir Safatle, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, pesquisa essa relação. Ele cita o filósofo francês Michel Foucault (1922 – 1984) como principal influência no seu trabalho. Segundo o professor, Foucault afirmava que “é no interior da relação entre médico e paciente que se dá processo de cura”.

Safatle explica que o paciente tido como louco é aquele que não internalizou os mecanismos de controle da sociedade. Isso significa que ele é incapaz de, por exemplo, entender em quais situações determinado comportamento é inadequado ou indesejado. Também implica que ele não está sujeito ao poder das instituições que controlam o dia-a-dia. É nesse sentido que surge a imputabilidade jurídica do doente mental.

Assim, caberia a sociedade a função de disciplinar o louco, de forma a livrá-lo dessa imputabilidade. Nesse processo, o médico é fundamental, já que representa a “normalidade”. Ele deveria transmitir para o doente uma idéia de purificação. A figura do “doutor” deve ensinar ao doente mental como controlar seus desejos, paixões e vontades. Dessa regulagem viria a cura da insanidade.

Outro fator importante para curar a loucura seria a arquitetura dos manicômios. Safatle explica que tanto os manicômios quanto as prisões modernas são espaços de alta visibilidade. Circundando um ponto central, em que se localiza o poder que regula a instituição, estão as alas e os corredores pelos quais circulam os internos. Nessa estrutura, “o sujeito internaliza o olhar regulador”, aponta o professor. Esse temor que o doente adquire de ser vigiado todo tempo resultaria no seu controle. O manicômio, portanto, atua como extensão do corpo do médico.

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