ISSN 2359-5191

21/07/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 53 - Saúde - Instituto de Psicologia
Felicidade deve orientar técnicas médicas

São Paulo (AUN - USP) - Colesterol alto? Não coma carne vermelha. Gripe? Nada de sorvete ou de sair à noite. Hipertenso? Cuidado com o sal nas refeições. A princípio, todos são conselhos muito pertinentes, fundamentados numa ampla literatura médica. Porém, de acordo com Ricardo Rodrigues Teixeira, professor da Faculdade de Medicina da USP, tais indicações representam uma “irradiação sistemática da tristeza”. Para ele, é preciso que os médicos repensem suas práticas tendo como maior parâmetro a felicidade do paciente. “Nos consultórios, não há discussão sobre projetos de felicidade”, aponta Teixeira. Ele explica que os profissionais se restringem a apenas recomendar ao paciente o que ele deve evitar e os hábitos que precisa mudar, ignorando o impacto dessas alterações no bem-estar do indivíduo. Segundo o professor, para que possam oferecer um tratamento mais humanizado, os médicos devem repensar o conceito de “vida”.

Teixeira fala sobre dois principais significados para a palavra vida. O primeiro compreende a vida orgânica, principal alvo da atenção dos médicos. O segundo, exemplificado por frases como “me sinto tão vivo hoje”, diz respeito à intensidade com que se vive. Para o professor, esse aspecto é negligenciado pelas atuais práticas médicas. “Lembro da história de um paciente que disse uma vez ‘Doutor, o que mais me interessa não é a ’comprideza’ da vida, mas a ‘largueza’. Talvez haja uma cisão entre a vida como vida do organismo e vida como algo não orgânico.”. Nesse sentido, ele sugere que a medicina deva buscar formas de integrar essas duas dimensões. E que tais maneiras devem ser incorporadas ao ensino da profissão.

Como exemplo de procedimento que afeta a vida não-orgânica de um paciente, Teixeira cita o uso da conversa como elemento transformador. Ele explica como a técnica do acolhimento, em que o médico e o paciente negociam quais necessidades podem ser preenchidas, transforma o modo como são atendidos os doentes. Funcionário do Centro Saúde Escola Samuel Pessoa, Teixeira conta como o acolhimento mudou a vida de uma paciente. Segundo ele, a mulher chegou ao Centro pedindo uma consulta com o ginecologista. O procedimento usualmente adotado seria marcar o encontro. Porém, profissionais treinados na técnica do acolhimento são instruídos a perguntar “Por quê?”. Dessa maneira, abre-se uma porta para que a paciente seja tratada de uma maneira mais efetiva. A partir da resposta é possível ajudar a mulher a entender a própria necessidade e a identificar novos problemas. No caso da mulher, os médicos identificaram uma situação de abuso doméstico e a encaminharam para tratamento específico. Teixeira explica que esse tipo de tratamento, mais humanizado, é o principal elemento para que se repensem as práticas da saúde hoje.

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