São Paulo (AUN - USP) - Gesner de Oliveira, economista da campanha de José Serra, afirmou que Pedro Malan, antigo desafeto do presidenciável, não está nos planos em caso de vitória. Encarregado das propostas econômicas da campanha do candidato do PSDB, Gesner disse que se Serra for eleito, Armínio Fraga (presidente do Banco Central) permanece, mas o ministro da Fazenda não será o mesmo.
O economista não citou nenhum nome que poderá ocupar o Ministério da Fazenda ou um ministério que não existe, mas faz parte dos planos de Serra, o do Comércio Exterior. Para Gesner, deve-se primeiro ser eleito para depois pensar em eventuais ministérios. E completou dizendo que falar nomes antes das eleições talvez seja benéfico para o PT, que teria interesse em mostrar nomes competentes para assumir essas pastas.
Gesner abriu o ciclo de debates “Questão Nacional”, no qual economistas encarregados das campanhas dos presidenciáveis falarão para alunos da USP, numa iniciativa do Centro Acadêmico da Faculdade de Economia e Administração (FEA). O debate foi uma exposição das principais idéias do plano de governo para a economia brasileira do candidato tucano e na seqüência perguntas dos alunos da FEA.
Na exposição de suas idéias, Gesner falou que a taxa de juros vai abaixar dos atuais 18% ao ano para 6% ao ano, no final de um eventual governo PSDB na próxima legislação. Quando acabou o debate o economista afirmou que essa taxa de 6% seria de juros reais, ou seja, já descontada a inflação. A meta para a taxa de juros nominal, que inclui a inflação, é de 9% ao ano.
Gesner disse ainda que para abaixar a taxa de juros é preciso investir em exportações e fazer um programa para substituir importações. Dessa necessidade que os tucanos vêem de exportar nasce a idéia do Ministério do Comércio Exterior. Outra medida que o representante da candidatura Serra propôs é fazer uma reforma tributária, orientando-a para a desoneração das exportações. Incentivar o financiamento a longo prazo e melhorar a estrutura do país completam as medidas para abaixar a taxa de juros.
Ele ainda respondeu uma pergunta sobre a ALCA, dizendo que virar as costas para a negociação da livre área de comércio não é benéfico para o país, mas que o Brasil deve ter uma postura mais dura na Organização Mundial do Comércio e nas negociações internacionais.
O próximo debate do ciclo Questão Nacional será com Guido Mantega, encarregado da parte de economia campanha do candidato Lula, do PT. O membro do Centro Acadêmico da FEA afirmou que Mantega deve comparecer no dia 2 de outubro. Apesar de estarem em lados opostos da briga pela presidência, tanto Mantega como Gesner são professores da mesma escola de Administração, a da Fundação Getúlio Vargas.