São Paulo (AUN - USP) - O Projeto Catarata, que tem o objetivo de informar a população a respeito da doença e facilitar o acesso ao tratamento voltou a ser realizado recentemente. A campanha, que já existe há alguns anos e ultimamente tem sido mensal, é organizada pelo Ambulatório de Oftalmologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. O projeto trata de um dos problemas que mais atinge os idosos, e cuja freqüência tem aumentado nos últimos anos com a inversão da pirâmide populacional.
A catarata é uma doença que surge com a idade, normalmente após os 50 anos, e que é natural do processo de envelhecimento, mas que também pode ser causada por trauma, diabetes, pelo uso de medicamentos, ou pode ter origem congênita. Ocorre quando o cristalino – a lente do olho – que é originalmente transparente, torna-se opaco. Como sintoma, a princípio, há um embaçamento da visão; com o tempo, a pessoa deixa de enxergar com nitidez, até que passa a só ver vultos. Isto pode levar a um quadro de cegueira, mas que é reversível. O único modo de tratamento é através de cirurgia.
O projeto é realizado sempre em fins-de-semana para facilitar a locomoção, uma vez que a pessoa que tem a visão debilitada necessita de um acompanhante. Para a população carente, a campanha é bastante efetiva, já que em um único dia são realizados exames completos, para descobrir se a pessoa tem ou não algum problema de visão. Quando se detecta catarata, já é marcada a operação Existe um centro cirúrgico só para atender a esses pacientes, no qual são realizadas cerca de 400 operações por mês. Caso seja diagnosticada outra doença, o paciente recebe orientação para o tratamento e, se possível, já recebe medicação. Todo o processo, inclusive a cirurgia, é gratuito.
No Brasil, são feitas em torno de 250 a 300 mil operações deste tipo por ano. Entretanto, este número é insuficiente para atender a população idosa que já sofre atualmente deste problema. Seriam necessárias cerca de 450 a 500 mil cirurgias anuais para superar este déficit. Outra dificuldade é o acesso a certas camadas da população, principalmente em regiões distantes, onde as pessoas, por falta de informação, acham que estão cegas definitivamente. Este pode ser considerado um problema ainda maior, se levado em conta que estas pessoas deixam de trabalhar em função da doença, mas no entanto ainda poderiam fazer parte da população economicamente ativa.