ISSN 2359-5191

22/07/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 54 - Meio Ambiente - Instituto de Física
Queimadas na Amazônia prolongam estação seca em até quatro semanas

São Paulo (AUN - USP) - Estudo publicado na revista Science pelo professor Paulo Eduardo Artaxo Netto, do Instituto de Física da USP, mostra que as queimadas na Amazônia estão estendendo a estação seca em três a quatro semanas. Além de afetar o clima na região, essa prorrogação tem alterado negativamente o ecossistema amazônico e, consequentemente, o ciclo do carbono realizado pelas plantas adaptadas ao período seco.

Durante o período das queimadas, o número de partículas (qualquer material, sólido ou líquido, em suspensão na atmosfera) no local salta dos costumeiros 300 para 20.000 por centímetro cúbico. Isso significa que, em seus piores meses, a qualidade do ar na Amazônia é inferior à do centro de São Paulo, por exemplo, que tem 10.000 partículas por centímetro cúbico. Quando um número muito maior de partículas compete pela mesma quantidade de vapor d’água, este evapora mais rapidamente, inibindo as chuvas.

A cada tonelada de floresta queimada, 100 toneladas de carbono são jogadas na atmosfera. Assim, calcula-se que as queimadas sejam responsáveis por 19% do efeito estufa do globo e, dessa porcentagem, um terço vem do carbono emitido pela queima da Floresta Amazônica.

Efeitos aparentemente locais como a queda na precipitação, o desmatamento, a alteração da fotossíntese e do sequestro de carbono da atmosfera, na verdade ultrapassam as fronteiras do bioma. Como a atmosfera é um sistema aberto, os efeitos se espalham. “O ar que respiramos aqui já foi respirado na Groenlândia, na China etc.”, exemplifica o professor Artaxo.

Sustentabilidade

Só em 2008 foram desmatados 10.000 km2 de floresta amazônica, identificados e diagnosticados pelo INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais). Segundo Artaxo, a EMBRAPA já possui tecnologia para recuperar essas áreas já desmatadas e abandonadas, mas não existe um incentivo para tal. O professor sugere que a solução depende das deficitárias políticas públicas para a região. “É uma questão estratégica. O governo precisa implementar a legislação vigente, fiscalizar o cumprimento da já existente e fomentar a produção de consenso sobre modos de exploração sustentável”, diz.

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