São Paulo (AUN - USP) - O que o seco deserto do Saara tem a ver com a úmida e exuberante Floresta Amazônica? Engana-se quem acredita que a resposta seja “nada”. Um estudo recentemente publicado na revista Nature pelo professor do Instituto de Física (IF) da USP, Paulo Eduardo Artaxo Netto, revela que partículas formadas no maior deserto da Terra tem importante participação no regime de chuvas da região amazônica.
As chuvas amazônicas decorrem de nuvens localizadas a 18 km do chão, chamadas de nuvens glaciais. Essas nuvens, por sua vez, são formadas por partículas de gelo, ou aerossóis, vindas da própria vegetação da floresta. Entretanto, o professor Artaxo descobriu que os núcleos de gelo das nuvens também são compostos por poeira do Saara. E o transporte a longa distância dessa poeira ocorre, sobretudo, no período de fevereiro a abril, quando se dá o pico da estação chuvosa na região.
A descoberta foi feita com base em medições das partículas que atuam como núcleo de gelo na Amazônia, e faz parte de pesquisa do Instituto do Milênio do Programa de Grande Escala da Biosfera – Atmosfera na Amazônia (LBA, na sigla em inglês). A continuidade da pesquisa está garantida já que a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) aprovou e liberou bolsa para o projeto dentro do programa FAPESP de Mudanças Climáticas Globais.