São Paulo (AUN - USP) - Apesar de ter conseguido a aprovação da lei 10.216, que institui a reforma do sistema de saúde mental no Brasil em 2001, o movimento em prol do fim dos manicômios continua ativo no país. Segundo Pedro Carneiro, membro da coordenadoria de saúde mental paulistana, ainda é preciso buscar a continuidade das mudanças que começaram com a 10.216. Em palestra no Instituto de Psicologia da USP, ele apontou os principais obstáculos que a luta antimanicomial enfrenta hoje.
Para o profissional, um dos principais desafios é incorporar novas práticas, ou medicina alternativa, ao tratamento de pacientes com doenças mentais. Homeopatia, acupuntura, e exercícios corporais, tanto de origem ocidental quanto oriental são importantes, pois cuidam do paciente como um todo, tratando-o de maneira integral, explica Carneiro. A idéia, descreve, é que sejamos capazes de juntar o tratamento biomédico tradicional ao psicossocial, que inclui novas atividades à saúde, como as artísticas.
Outra tarefa é buscar formas de integrar os estudantes ao movimento, possivelmente como voluntários. Ele explica que é fundamental que todos os segmentos da sociedade estejam envolvidos com a luta pela saúde psíquica. Também é preciso incorporar mecanismos de controle social à reforma. “É um monitoramento que ainda não existe muito”, diz Carneiro, referindo-se à necessidade de se acompanhar o que tem sido feito no âmbito da nova saúde mental. Segundo ele, a população em geral, os funcionários da saúde e os usuários do sistema devem atuar como controle de qualidade dos serviços oferecidos.
Como exemplo de atividade que dá certo, Carneiro cita o trabalho da ONG “Vida em Ação”. Essa organização é responsável pelo bar Saci, em que portadores de transtornos mentais podem trabalhar como garçons. Além disso, ocorre também o encaminhamento de doentes para outros empregos que os aceitem. Carneiro considera que esse tipo de projeto é fundamental, já que cria uma ideologia de geração de renda no portador de transtornos. Além disso, também o capacita profissionalmente.