ISSN 2359-5191

22/09/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 60 - Sociedade - Faculdade de Direito
Pedro Simon:“Não será o Senado que vai curar a crise”

São Paulo (AUN - USP) - Considerado pelo Centro Acadêmico XI de Agosto como um político engajado no movimento contra a corrupção, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) foi convidado a participar da “Roda Viva do XI”, iniciativa realizada no Pátio das Arcadas da Faculdade de Direito da USP no último dia 28 de agosto, às 10 horas. Na ocasião, o senador requisitou uma mobilização nacional para que aconteça alguma mudança significativa em relação à crise institucional pela qual passa o Senado. “Não vai ser o Congresso que vai curar isso. Como o Jader (Barbalho) e o Renan (Calheiros) renunciaram e nada aconteceu, o (José) Sarney fica e nada vai acontecer”, disse durante o debate.

A atual crise do Senado e as críticas ao senador José Sarney pautaram o debate que ainda tratou de críticas ao próprio partido, a postura do Supremo Tribunal Federal no escândalo da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa – testemunha de acusação contra Antonio Palocci (PT-SP) no chamado caso da “República de Ribeirão Preto” na CPI dos Bingos –, além da possível candidatura da ex-ministra Marina Silva pelo PV.

Segundo Pedro Simon, a crise em que vive o Senado é pior do que a que se viveu durante o regime militar, pois acontece dentro dos muros da própria casa e não mais de alguma força externa. O senador analisa a origem da atual crise do Senado no apoio, antes impensável, do presidente Lula a José Sarney.

Ao ser questionado sobre a tese de que o País não mais necessitaria de um Congresso Bicameral, Simon se diz infeliz pelo fato deste discurso ter ganhado corpo nos últimos tempos. “Fechar o Senado, é limitar a democracia e também negativo para a representação das federações”.

O senador, que no início do debate comentou a importância dos jovens e do Centro Acadêmico XI de Agosto para a redemocratização do Brasil, observou que o Congresso Nacional que rejeitou o projeto “Diretas Já!” é o mesmo que elegeu Tancredo Neves por pressão da sociedade.

A incoerência na aliança entre os dois principais partidos da base aliada, PT e PMDB, ainda serve para entender o que, pela visão do senador, também se configura na crise do PMDB. “O PMDB estará do lado do partido que ganhar. O comando do partido está querendo se vender para os dois lados”.

Sobre a recente influência da notícia do não acolhimento às denúncias, incluindo os depoimentos do caseiro Francenildo, ao ex-ministro Antonio Palocci, Pedro Simon diz que o Supremo Tribunal Federal (STF) não julga e se nega a fazer o levantamento de casos relevantes como esse. O senador diz aceitar que o réu fosse inocente, mas que o julgamento ao menos se realizasse, o que não ocorreu.

Indagado sobre a utilidade do Conselho de Ética, órgão constituído de parlamentares que julgam seus pares, Simon ironiza: “Acabar com o Conselho de Ética e fazer o quê? Mandar para o STF? Manda para o STF que ele arquiva. Até hoje não julgou nada”.

Ao refletir sobre as chances da provável candidata à presidência pelo PV, Marina Silva, o senador mostrou-se pessimista e credita as poucas chances da acreana à organização do atual quadro partidário. “A candidatura de Marina é difícil, pois as máquinas estão aí: PT e PSDB”. Simon ainda aposta que, apesar de poucas chances reais, a entrada de Marina na disputa acrescenta novos ares a uma campanha que parecia caminhar para uma polarização entre dois partidos. “Acredito que ela venha trazer uma carga de ética e fazer com que os outros candidatos se exponham”. A saída de Marina do Ministério do Meio Ambiente em maio de 2008 também serviu de pretexto para que Simon argumentasse sobre as diferenças do PT atual e o da época de sua fundação.

O debate também esperava contar com a presença do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que, por motivos de saúde, não pode comparecer.

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