ISSN 2359-5191

11/10/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 20 - Sociedade - Instituto de Estudos Brasileiros
Exposição constrói Graciliano Ramos através de sua obra maior

São Paulo (AUN - USP) - "Construindo Graciliano Ramos: Vidas Secas" é a mostra do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP) que tem como objetivo resgatar o escritor através de sua obra-prima Vidas Secas, difundindo um dos principais acervos do instituto. Montada em função da VII Semana de Arte e Cultura da USP, que aconteceu recentemente, a exposição conta com diversas edições nacionais e estrangeiras de Vidas Secas, originais de ilustrações da obra, caricaturas do autor, manuscritos, recortes de jornais, correspondências e fotos, a maior parte dos quais doada pela falecida D. Heloísa Ramos, viúva do escritor.

Considerada por estudiosos a obra maior do escritor, Vidas Secas foi traduzida para diversos idiomas, entre os quais alemão, russo, polonês, holandês, inglês, francês, húngaro, italiano e espanhol. "Embora o tema da seca no Nordeste seja nitidamente regional, a obra transmite um drama humano que transcende o próprio tempo e lugar. Há também a questão da atualidade, já que infelizmente as regiões mais pobres do Nordeste vivem em uma situação não muito diferente da retratada no livro", afirma a curadora da exposição, professora Yêdda Dias Lima. Tanto a produção de inúmeros estudos sobre o livro quanto a sua popularização são conseqüências de sua concepção inovadora de romance. Além de ser um dos romances mais curtos da literatura brasileira - a "escrita econômica", em consonância com a fala reduzida dos viventes do Nordeste -, a maneira independente como ele organizou os capítulos possibilita uma leitura autônoma de cada um deles.

Graciliano Ramos é um autor privilegiado quanto à preservação de sua memória. "Após sua morte em 1953, D. Heloísa, chamada pelo autor de D. Ló, teve bastante cuidado com a divulgação de sua obra. Na década de 30, Graciliano conviveu entre escritores, artistas e intelectuais brasileiros. Assim, suas obras sempre foram estudadas por muitos críticos e acompanhadas por uma criação artística em torno delas. Essa transdisciplinaridade favoreceu a montagem da exposição", explica a professora. Exemplos dos frutos dessa influência são as pinturas e desenhos de Candido Portinari. Os retirantes é uma série de quadros em que os últimos, produzidos após o contato do pintor com Vidas Secas, apresentam diferenças em relação aos primeiros: as figuras foram retratadas mais magras e ganharam dramaticidade. Os dois últimos quadros, que se encontram no Masp, foram reproduzidos em painéis pela exposição.

A mostra é uma retomada de uma exposição maior montada na Biblioteca Municipal de São Paulo em 1992, no centenário do nascimento de Graciliano Ramos, e fica até o dia 10 de janeiro no IEB (Avenida Professor Mello Moraes, tv. 08, número 140, na Cidade Universitária). Mais informações pelo telefone 3091-3199.

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