São Paulo (AUN - USP) - O ser humano, como um “trabalhador intelectual” engajado ambientalmente, pode fazer, junto a empresas de fins lucrativos, diferença no mundo suficiente para estabelecer um paradigma sustentável. Essa é a situação levantada por Rafael Borim de Souza, da Universidade Estadual de Londrina, e Luciano Munck, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-Pr), em artigo apresentado no XII SemeAd – Seminários em Administração – da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP. O trabalho intitulado “A relevância do ser humano no contexto de institucionalização e legitimação do paradigma de sustentabilidade”, foi um dos 28 artigos de destaque indicados para publicação em revistas da USP e de outras instituições.
Segundo os autores Borim e Munck, a necessidade desse paradigma sustentável advém da modificação estrutural da sociedade, derivada das transformações institucionais em toda a hierarquia social existente do modo de vida capitalista. Isso porque, ao longo da história econômica, ações de desenvolvimento benfeitoras à sociedade e ao meio ambiente não foram promovidas. Assim, instituições passam a se responsabilizar pelas questões sociais e ambientais, garantindo a sobrevivência das gerações futuras através da manutenção responsável dos recursos naturais. Já que, uma vez que a economia depende da exploração destes, os interesses econômicos devem ser necessariamente ecológicos.
Institucionalizando o paradigma sustentável, o capital social é destacado pelos autores do artigo por causa da importância de sua aliança com qualidades institucionais, sendo considerado um fenômeno que dá origem a financiamentos e manutenção do meio, oriundo de organizações sociais com fins lucrativos. Ou seja, o capital social tem a capacidade de promover eficiência social através da interação dos mecanismos empresariais. Sua importância, por meio de fatores de confiabilidade, normas reguladoras de reciprocidade e redes de engajamento cívico, ressalta o caráter essencial do desenvolvimento sustentável, conectando esses fatores com atividades produtivas, distributivas e de consumo.
Porém, essa nova maneira de ver e organizar o mundo, só pode ser legitimada com o apoio dos seres humanos. A interação dos atores sociais (identificados como “homens sociais organizacionais”) e das instituições é imprescindível, pois, enquanto governos e organizações sem fins lucrativos disputam seus papéis frente ao meio ambiente, entidades mistas surgem constantemente alinhando elementos lucrativos com um melhor uso dos recursos naturais.
Esses atores sociais são seres que priorizam o bem estar coletivo e uma boa relação comunitária para o desenvolvimento responsável dos ambientes sociais, organizacionais e institucionais. Assim, instituições que buscam uma legitimação social perante seus ganhos e lucros, bem como a cristalização do paradigma sustentável, devem ter entre seus membros esses “trabalhadores intelectuais”.