ISSN 2359-5191

06/10/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 68 - Meio Ambiente - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Pesquisa prevê como serão ciclones extratropicais no futuro

São Paulo (AUN - USP) - Pesquisa desenvolvida no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP apura dados sobre os ciclones extratropicais no Atlântico Sul. Um dos objetivos do grupo de pesquisa do IAG, formado por professores e alunos de pós-graduação do Departamento de Ciências Atmosféricas, é analisar a interferência das mudanças climáticas nos ciclones.

Para fazer essa análise, a pesquisa comparou o comportamento do fenômeno meteorológico em diferentes épocas com modelo global e regional. No caso deste, se estudou a parte da América do Sul voltada ao Oceano Atlântico. “A gente conhece o comportamento climatológico dos ciclones no clima presente. Então, nós simulamos o comportamento desses sistemas no futuro e comparamos as duas climatologias (estudo do clima)”, explica Michelle Reboita, uma das alunas que colaborou na pesquisa.

Para a comparação, foram utilizados dados sobre o clima de 1975 a 1989 e, depois, previsões de 2071 a 2085. Dessa a análise em clima futuro, por sua vez, foram comparados dois cenários: o primeiro projeta uma alta concentração de gases de efeito estufa (cenário A2), o segundo considera a baixa concentração desses gases (cenário B2); ambos os cenários são projeções do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, da sigla em inglês).

A partir dessas comparações, constataram que o número de ciclones não aumentará e a intensidade deles, ao longo prazo, se agravará. As projeções indicaram diminuição de 7,2% no cenário A2 e de 4,7% no cenário B2, enquanto que foi indicado aumento no percentual de ciclones inicialmente fortes de, respectivamente, 20,9% e 11,3%.

Em parte, as informações confirmam dados divulgados pelo IPCC, que apontam para o agravamento da intensidade dos ciclones e deslocamento da origem desses ao sul. Esta última constatação corrobora as pesquisas globais que destacam no futuro a maior incidência de ciclones próximo aos pólos.

Porém, nem todas as previsões do painel são tão exatas como auspiciou a pesquisa. Por exemplo, o IPCC não divulgou relatórios sobre a previsão da quantidade de ciclones, somente estipulou que não haveria aumento de incidências. Já o grupo de pesquisa do IAG verificou com modelos matemáticos (um deles, o regional, é chamado de RegCM3, da sigla em inglês de Modelo de Clima Regional versão 3) que haverá redução, principalmente nas faixas ao norte das latitudes 45° e 50° Sul.

Com o alarde do aquecimento global, diversos estudos relacionados ao tema foram feitos, principalmente sobre os seus efeitos. O IPCC os divulga de modo a fornecer informações relevantes para a compreensão das mudanças climáticas.

Apesar de quase total unanimidade no meio científico quanto à interferência do aquecimento global no processo, há divergências no que se refere à proporção dos seus efeitos. Um dos problemas da maioria dos estudos divulgados pelo IPCC é a sua precisão. Luiz Fernando Krueger, um dos alunos que colaborou na pesquisa do IAG, explica que esses estudos utilizam um modelo global, os quais dificilmente reproduzem com fidelidade as mudanças climáticas regionais. “Muitas catástrofes são ditas. Mas tudo pode acontecer, não se tem uma certeza. Os modelos que se usam, em geral, são globais, que a resolução, às vezes, não é tão clara”, diz Luiz.

Além dos pesquisadores Luiz Krueger e Michelle Reboita, participaram da pesquisa os professores Rosmeri Porfírio da Rocha e Tércio Ambrizzi, com a coordenação deste. Os estudos foram financiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

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