ISSN 2359-5191

13/10/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 71 - Educação - Escola de Educação Física e Esporte
Esporte amplia inclusão de deficientes auditivos

São Paulo (AUN - USP) - A acessibilidade e a inclusão são temas muito recorrentes na mídia atualmente. Diversas instituições lutam para que leis que proporcionem melhor qualidade de vida à pessoa com deficiência sejam aprovadas e colocadas em prática. A Lei de Cotas e a inclusão no ensino regular são exemplos dessa luta. Outra maneira de inserir deficientes na sociedade e fazer com que os preconceitos diminuam é por meio do esporte e lazer. E foi justamente esse o tema abordado em palestra da “14ª Semana de arte e cultura”, que foi realizada de 19 a 27 de setembro.

Como forma de mostrar que pessoas com deficiência não são incapazes e que podem ser independentes, a Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, em palestra conduzida pelo bacharel em educação física, Carlos Henrique Tapetti, abordou, especificamente, a deficiência auditiva, a cultura surda e a atuação de profissionais nessa área. Com os avanços na acessibilidade nas últimas décadas, a inclusão está cada vez maior, seja no mercado de trabalho, seja em atividades físicas. “Antes, o deficiente deveria se adequar ao que a sociedade o oferecia. Hoje, vemos que essa visão é diferente”, diz Tapetti, que treina um time feminino de futsal de deficientes auditivas.

Os avanços tecnológicos certamente ajudaram na inclusão, mas, em alguns casos, também podem ser sinônimo de problema. O implante coclear, por exemplo, que consiste basicamente em um aparelho ligado a um nervo auditivo, é muito utilizado atualmente, mas impossibilita a prática de atividades físicas devido aos riscos de impacto na cabeça.

A prática esportiva de alto nível tem seu ápice de competitividade e visibilidade mundial nas Olimpíadas ou, no caso, nas Paraolimpíadas. Porém, a deficiência auditiva não se encaixa nos Jogos Paraolímpicos e os atletas devem competir contra pessoas que não têm deficiência. Tal determinação já causou desconforto e transtorno para a organização dos Jogos. Em 2000, na cidade de Sidney, o atleta do Zimbábue Terence Parkin, com deficiência auditiva, classificou-se para a prova dos 400m medley de natação e deveria receber um sinal visual para a largada. No caso, os organizadores tiveram de mergulhar em cálculos para desenvolver um aparelho que eliminasse a diferença entre o apito sonoro que os outros competidores ouviriam para a largada e o sinal visual. Caso não tivessem conseguido, Parkin teria levado vantagem, visto que a velocidade da luz é maior que a do som.

Experiência profissional
No comando do time Águia da Mooca, Tapetti foi bicampeão do campeonato SESI/Adavida, realizado anualmente em comemoração ao dia do surdo. Para ele, o convívio com as atletas proporciona trocas de experiências que vão além da atuação profissional. “É como se eu as transmitisse técnica e táticas de futsal e em troca recebesse lições da cultura de deficientes auditivos, como a conversação em Libras (Língua Brasileira de Sinais)”, explica Tapetti.

Apesar de focar a disputa de campeonatos, o time valoriza, acima de tudo, a inclusão esportiva como forma de proporcionar atividade física e convivência. Não há muita rivalidade entre as jogadoras, pois elas mudam de times frequentemente e quando se encontram é para se divertir praticando esporte. Para o treinador, a comunicação por Libras é importante, mas não é obrigatória. “Já vi treinador que não sabia (Libras) e ainda assim conseguia ser compreendido pelas atletas. Principalmente durante o jogo, alguns sinais podem bastar”, afirma Tapetti.

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