São Paulo (AUN - USP) - Muitos dos discursos de movimentos sindicais de hoje prendem-se às suas origens, acredita o professor de economia português, Elísio Estanque. Com isso, estes movimentos e suas lideranças não conseguem mudanças de fato, limitando-se a discursos repetidos e de certa forma proselitistas.
Tendo o trabalho laboral como um dos grandes pilares da sociedade, os sindicatos e militantes da área se encontram em um momento delicado dentro do contexto internacional. A crise econômica mundial abalou muitas das relações entre empregados e empresas. A diminuição de receita aliada ao receio de uma piora no sistema econômico esquentou os ânimos entre as duas classes.
Como uma alternativa com possibilidade de mudanças, o professor acredita nas relações mais estreitas entre grupos de trabalhadores e representantes das diretorias empresariais. É necessária uma organização dos trabalhadores que lute por seus direitos, sendo estes direitos, aliados às necessidades das empresas.
Experiências existentes em empresas portuguesas indicam que é possível o funcionamento desta fórmula. Tendo exemplos, inclusive, de participações de comitês de trabalhadores nas decisões das altas cúpulas empresariais.
Desafios contemporâneos
Por mais contraditório que possa parecer, o aumento da qualidade de vida e renda de parcelas do operariado tem representado um desafio para as relações sindicalistas e trabalhistas atuais. Com este aumento, cria-se uma falsa impressão de inserção do operariado na classe média, acredita o português.
Além desta falsa inserção, cria-se um aumento de dívidas, resultando em uma dependência maior do pagamento. Com isso, os trabalhadores acabam por ficarem mais receosos em momentos de busca por seus direitos, causando assim uma diminuição de movimentos sindicais e de conflitos trabalhistas.
Realidade portuguesa
Índices obtidos através de pesquisas comparando Portugal a outros 27 países europeus, apresentaram alguns dados sobre o pensamento da sociedade. Segundo essas informações, fica evidente que a grande maioria da sociedade portuguesa tem consciência da existência de conflitos entre empregadores e empregados, quando comparada aos índices de outros países.
Além desta informação, os dados também mostram que os índices de democracia portugueses estão abaixo da média dos índices de outros países. Democracia neste caso indica diversos tipos de democracia, eleitoral, familiar, trabalhista entre outros.