ISSN 2359-5191

18/10/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 21 - Meio Ambiente - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Pesquisadores analisam efeito das queimadas no clima da Amazônia

São Paulo (AUN - USP) - São duas horas da tarde e o sol está a pino. A fumaça, que toma conta do céu, dá uma coloração alaranjada aos raios solares, como num por do sol de uma cidade poluída. A cena não se passa em São Paulo, trata-se da época das queimadas, que já começou no sudoeste da Amazônia. Uma equipe multidisciplinar de pesquisadores, coordenada pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, está estudando os efeitos dessas queimadas na formação das chuvas da região.

“Queremos estabelecer uma relação de causa-efeito entre as queimadas e as chuvas. Estamos na transição entre a estação seca e a chuvosa, que também é o momento no qual os agricultores fazem o manejo prévio para o plantio ou a limpeza da área para pecuária, através de queimadas artificiais. Por enquanto, estamos tendo tempestades e queimadas espetaculares”, explica a professora Maria Assunção Faus da Silva Dias, coordenadora da equipe.

Para entender até que ponto a fumaça das queimadas afeta o ciclo natural de formação das chuvas, os pesquisadores estão desenvolvendo uma campanha de medição intensiva na região de Rondônia. Desde setembro, balões metereológicos, torres de medição, estações metereológicas em terra, radares, satélites e até aviões são utilizados para fazer uma “radiografia” completa das nuvens, da atmosfera e da biosfera da região.

Segundo Maria Assunção, existe uma preocupação constante com a manutenção do equilíbrio natural da Amazônia, face à ocupação do homem. “Precisamos cercar o problema com a maior quantidade de medidas possíveis. Os dados coletados serão utilizados em modelos numéricos, que nos permitirão melhorar as projeções climáticas, separando os efeitos naturais dos efeitos artificiais causados pelo homem”, complementa.

A alteração do equilíbrio natural coloca a questão de como a floresta amazônica reagirá às mudanças. As queimadas afetam a saúde das plantas, pois criam uma barreira de fumaça que reflete a luz solar. Essa barreira também impede a chegada de calor, diminuindo o aquecimento do solo e conseqüentemente a evaporação d’água. A pesquisadora alerta para o perigo do aumento da concentração de ozônio na atmosfera, que ameaça, inclusive, a saúde do homem.

A campanha “Interação entre Radiação, Nuvens e Clima na Amazônia – Transição entre as Estações Seca e Chuvosa” corresponde à fase DRY-TO-WET (seco para úmido) do projeto LBA – Experimento de Grande Escala da Interação Biosfera-Atmosfera na Amazônia. Desde 1998, o LBA vem mobilizando equipes de pesquisadores nacionais e estrangeiros para estudar a influência da regional e global da floresta amazônica, as mudanças climáticas e as interferências causadas pelo homem.

A pesquisa, que deve durar até novembro, conta com financiamento da Fapesp (Fundação Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e do Instituto do Milênio.

Mais informações: (11) 3091-4736, no e-mail lba@master.iag.usp.br ou no site www.lba.iag.usp.br.

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