São Paulo (AUN - USP) - Colocar a estatística em evidência e ampliar os horizontes dos alunos: esses são alguns dos objetivos buscados pela Segunda Mostra de Estatística do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP. Foram quatro dias, de 7 a 10 de outubro, em que ocorreram palestras e debates sobre temas variados relacionados às diferentes vertentes da estatística. Entre esses temas, esteve a análise de dados ligados ao censo de moradores de rua e à mortalidade em São Paulo relacionada à poluição atmosférica, bem como a importância da responsabilidade social do estatístico.
“Na graduação da estatística, principalmente no começo, você vê coisas bem teóricas, não tem muito acesso a aplicações do que se aprende”, afirma Cristiane Carcher, uma das organizadoras do evento e aluna do 2o ano. Outro problema apontado por Cristiane é a falta do conhecimento discente sobre o trabalho dos professores, assim como sobre seus campos de atuação. Marcus Vinicius, idealizador do evento e aluno do 4o ano, completa: “no início, a gente não tem uma visão de toda a abrangência de pesquisa e atuação da estatística”. Para ele, a mostra influi na auto-estima do aluno, que sai com uma noção melhor das suas possibilidades. Outro fator positivo presente na Mostra, para Marcus, “é o espaço que ela proporciona aos professores para divulgação de seus trabalhos e projetos de pesquisa”.
Uma das características fundamentais da Mostra de Estatística é a sua origem presente na iniciativa dos próprios alunos, que buscaram apoio dos funcionários da faculdade e dos docentes para o evento. O professor Pablo Ferrari, cuja palestra tratou de superfícies aleatórias, apóia a idéia: “acho ótimo que os alunos tenham essa iniciativa, porque são eles próprios que estão procurando as motivações do trabalho que vão fazer, sem ninguém dizendo ‘faça isso, estude aquilo’”.
A receptividade dos alunos foi boa, tanto no ano passado quanto neste ano. “Mas um dos maiores desafios foi trazer os alunos para cá. Foi fazer com que eles percebessem que a mostra não é só nossa, mas de todos os alunos da estatística” comenta Marcus. Victor Léo Fonseca, aluno do IME, afirma: “nós chegamos ao mercado de trabalho despreparados para lidar com situações práticas, pois o curso é muito teórico. A mostra ajuda na solução desse problema”.
A proposta dos organizadores, Paulo Lima, Levindo, Régis, Émerson, além dos já citados, vai contra o mito da passividade do aluno de exatas, especialmente do IME, em relação a sua faculdade e ao seu curso. “Em qualquer lugar as pessoas têm dificuldade de tomar qualquer iniciativa. Não é porque estamos no IME”. Marcus complementa: “o fato das pessoas serem mais fechadas não significa que elas não tenham iniciativas”.