ISSN 2359-5191

18/10/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 21 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Sistema de ventilação diminui doenças em animais de laboratório

São Paulo (AUN - USP) - Sistema pioneiro de ventilação para biotérios – criadouros de animais de laboratório – foi desenvolvido na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP. O novo modelo permite animais mais “limpos” e sem lesões pulmonares, a um custo de até dez vezes menor. Esse tema foi desenvolvido em dissertação de Mestrado pelo tecnólogo em saúde Alexandre Martinewski.

Uma ventilação mais eficiente permite o não-acúmulo de amônia. Em alta umidade, bactérias metabolizam a uréia da urina em amônia; em excesso no ambiente, a substância causa lesões no pulmão, comprometendo a qualidade do animal para experimentação.

“Ter animais totalmente saudáveis em um experimento é essencial para torná-lo confiável”, diz Alexandre. Se a pesquisa obtiver resultados positivos, ela poderá ser posta em prática para resolver patologias humanas. A grande maioria das descobertas medicinais foi feita através de experimentos com animais de laboratório.

O estudo utilizou 17 camundongos de laboratório: oito de um grupo controle, que viveram no biotério tradicional e nove num sistema pressurizado e intraventilado por microventiladores (em inglês, a sigla MFPIV). O animais ficaram 229 dias em observação.

Os níveis de amônia foram medidos nos dois grupos. No sétimo dia consecutivo de medição, a média de concentração de amônia dos biotérios controle era o triplo da medida no biotério experimental. Passado o tempo de medição de dados, os animais foram sacrificados de forma indolor (através da inalação de gás carbônico) e seus pulmões foram analisados. Os resultados demonstraram que nenhum camundongo sob o sistema MFPIV de ventilação apresentou lesões pulmonares, enquanto no grupo controle todos os animais apresentaram lesão, da mais leve a mais grave.

Outro experimento foi feito, utilizando os dois mesmos grupos (mas com outros camundongos): induziu-se uma reação inflamatória no pulmão, ou seja, provocou-se uma inflamação. “A resposta imunológica do grupo controle foi muito mais intensa, o que mostra que ele já apresentava certo grau pré lesional neste órgão”, explica Alexandre. Quanto ao desempenho reprodutivo dos camundongos, não foram identificadas diferenças significativas.

Diferenças de Ventilação

O sistema tradicional de ventilação é controlado por um ar-condicionado que coloca ar com pressão superior a do ambiente na sala onde estão os camundongos. Assim, o ar tende a sair, empurrando o ar “sujo” – que contém amônia – para fora da sala por tubos de exaustão. O problema é que a ventilação não se aplica diretamente a cada gaiola, o que provoca um acúmulo de amônia no interior da mesma, local onde o animal vive.

O método proposto por Alexandre prevê a saída do ar de cada uma dos biotérios, por diferença de pressão. Eles são pressurizados utilizando microventiladores de corrente contínua, que forçam as trocas de ar. Os microventiladores ficam posicionados na tampa da gaiola, sobre um filtro que retém as partículas que estão suspensas no ar.

Verificou-se que a circulação de ar era igual em todos os pontos da “caixa”, assim como a pressão e a umidade do ar se mantinham constantes. “É mais fácil controlar o ar nesse novo método. Ele fica até com mais velocidade do que o necessário aos animais”, comenta Alexandre. Considera-se uma troca de ar quando o ar de dentro do biotério foi totalmente renovado. Para deixar a amônia em concentrações aceitáveis, são precisas, em média, 20 trocas de ar por hora (o número varia conforme o peso do animal: quanto mais pesado, mais amônia ele produzirá, além de aumentar a taxa de geração de calor).

Alexandre está iniciando seu doutorado, no qual pretende aperfeiçoar o modelo de ventilação proposto. O novo sistema, que provou ser mais eficiente financeiramente e no campo científico, ainda será implantado na Faculdade e, futuramente, expandido para outros núcleos de pesquisa.

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