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21/10/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 74 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Associação internacional propõe curso de astronomia abrangente

São Paulo (AUN - USP) - Entre os principais planos da União Astronômica Internacional (IAU, sigla em inglês) para os próximos dez anos, destaca-se o ensino abrangente de astronomia no mundo. O plano visa a facilitar o entendimento do universo a um público maior e a conscientizá-lo da importância da astronomia para a sociedade. Com isso, seria estimulado o ensino da ciência e de seus estudos nas escolas. Os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento são prioridades no plano.

Ele fez parte de uma das resoluções do 27º Congresso da IAU, que ocorreu este ano no Rio de Janeiro. A chamada resolução B1 vinha sendo estudada desde janeiro de 2008 e foi corroborada pelos 70 países membros da união.

Nesse tempo, a professora da USP, Beatriz Barbuy, exerceu o cargo de vice-presidente da IAU e acompanhou de perto o desenvolvimento do projeto. Segundo ela, esse é um dos grandes marcos do encontro entre os astrônomos, visto que a resolução é apresentada no Ano Internacional da Astronomia e pode ter um grande impacto na sociedade.

Nas próximas décadas, a IAU planeja a inclusão de aspectos da astronomia no ensino de outras matérias na escola primária e secundária, equivalentes ao Ensino Fundamental no Brasil. O plano estratégico enfatiza a relação da Astronomia com outros campos de estudo.

A ciência abrange campos como a história, pois ela estuda a origem do universo e sua própria história, quando civilizações antigas já estudavam o céu. No campo tecnológico, a astronomia lida diretamente com instrumentos ópticos, computadores avançados e outras ferramentas eletrônicas. Em outras ciências, ela abrange Física, Matemática, Química e Biologia.

Plano brasileiro e a formação dos professores
Projeto similar está em estudo no Brasil. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de 1998, todas as escolas são obrigadas a incluir em sua grade curricular elementos da Astronomia. No Ensino Fundamental, o estudo deles deve estar incluso na área de Ciências Naturais, no eixo temático “Terra e Universo”. Já no Ensino Médio, os conhecimentos astronômicos devem estar divididos entre as ciências estudadas, com ênfase na Física.

Porém, dificilmente as escolas cumprem com os parâmetros, por vários motivos. Um deles é o despreparo dos professores quanto ao tema, que em sua grande parte desconhece conceitos básicos da Astronomia.

Com a preocupação de complementar a formação dos professores, o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP), com a cooperação dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), planeja um projeto para a criação de cursos de Astronomia à distância para as escolas da rede pública (municipais e estaduais) de todo o país.

A principal proposta para sua efetivação é que haja incentivo governamental. Segundo o professor do IAG, Augusto Damineli , que acompanha o projeto, a importância do incentivo se deve a falta de disponibilidade dos professores, que dificilmente possuem tempo e dinheiro para arcar com cursos complementares. Desse modo, o curso à distância seria gratuito e dado via web.

De acordo com Elysandra Figueredo, pós-doutorando do IAG, o curso será desenvolvido com recursos do INCT de Astrofísica. “Podemos contar com todos os profissionais envolvidos nesse INCT e outros membros da Sociedade Astronômica Brasileira”, detalha Elysandra, que faz parte da comissão de coordenação do curso, o qual organizará esses profissionais. Além de Elysandra, fazem parte da comissão astrônomos de diferentes cidades: Newton Figueredo (Itajubá), Fátima Saraiva (Rio Grande do Sul), Vera Martim (Feira de Santana), Jules Soares (Ilhéus), Carlos Dutra (Uruguaiana).

Perspectivas para o plano
O projeto ainda está sendo estudado e há diversos aspectos a serem discutidos. Um objetivo claro do seu planejamento é assegurar a difusão de elementos astronômicos no ensino escolar. “A questão (do projeto) é como introduzir os conhecimentos da astronomia no ensino de ciência nas escolas”, explica Augusto Daminelli.

Vários cursos e projetos direcionados para fora da USP já foram criados no IAG, como o Projeto Telescópios na Escola (TnE). Contudo, o atual plano de curso a distância é o primeiro com tais dimensões e com âmbito nacional.

Em janeiro de 2010, haverá um congresso regional no Rio de Janeiro, onde se discutirá o curso. Pode ser o primeiro passo para a concretização desse amplo projeto. “Nosso objetivo é oferecer a primeira versão do curso, em formato experimental, apenas em 2011. Mas para isso ainda temos muito trabalho pela frente”, completa Elysandra.

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