São Paulo (AUN - USP) - O Brasil subiu 16 posições no ranking de países mais competitivos no mercado internacional nos últimos dois anos e ocupa agora a 56ª posição entre 133 Estados. Os dados são do Global Competitiveness Report 2009-2010, o relatório anual do Fórum Econômico Mundial que avalia a capacidade de inovação e a competitividade de diversas economias nacionais. “Estamos fazendo as coisas certas”, diz Carlos Arruda, professor da Fundação Dom Cabral. “O problema é que não estamos fazendo na velocidade certa.” Arruda apresentou a conferência Tendências mundiais e a internacionalização de empresas brasileiras, promovida em 8 de outubro pelo Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP.
“O Brasil e as empresas brasileiras têm ocupado espaço no cenário internacional” diz o professor. Há um crescimento significativo do volume de investimentos de capital nacional em mercados estrangeiros. Sabó, Vale do Rio Doce, PEG, Natura, TAM, Localiza, Marisol, Perdigão, Odebrecht, VEG estão entre as multinacionais brasileiras que já possuem forte presença em outros países.
A Gerdau é a empresa nacional mais internacionalizada. Possui minas e bases instaladas nos Estados Unidos, Canadá, China e Europa. Seu sucesso no mercado externo se deve a uma estratégia de internacionalização baseada no acesso a recursos e a ganhos em tecnologia e know-how aos quais ela não teria acesso no Brasil. Já a Embraer é, segundo Arruda, o caso de inovação mais significativo. Noventa por cento do conhecimento tecnológico da empresa foram captados no exterior.
Uma das dificuldades de internacionalização empresarial é a carência de profissionais especializados. “A maioria das empresas têm problemas seríssimos de Relações Internacionais, principalmente aquelas que estão entrando em mercados complexos como China, Índia, Rússia”, afirma Arruda. “São países que exigiriam um conhecimento de RI que as empresas não levam em consideração”.
De acordo com o professor, a falta de profissionalismo no setor se inicia no próprio Ministério das Relações Exteriores. “Não há uma base de dados no Itamaraty para discutir a posição das empresas brasileiras no cenário internacional. O problema é que eles nos representam nas rodadas de negociação multilateral. Como nos representam se não têm nem dados?”
A dificuldade de uma empresa se internacionalizar não está na sua capacidade produtiva, mas nos entraves que o Brasil oferece. Arruda considera que um país é uma plataforma em que as empresas produzem a riqueza nacional. Por isso, o foco das estratégias de economia internacional deve estar colocado no próprio país e não no cenário externo. Além da limitação de pessoal qualificado, Arruda considera que o país precisa aprimorar sua infraestrutura, prover mais eficiência às instituições públicas e revisar leis trabalhistas defasadas.
A despeito dos problemas relacionados ao excesso de burocracia, à corrupção e à falta de governança, o cenário é favorável ao Brasil. Dezesseis especialistas na área de Economia apontam que, graças a sua capacidade de produção e de geração próprias, entre 25 países, o Brasil será aquele que mais vai lucrar com a crise. “O fato é que estamos vivendo um momento histórico de inclusão econômica” diz Arruda. “Nós não dependemos de vender para os Estados Unidos como outros países e, de outro lado, temos uma sociedade comprometida em fazer a diferença”.