ISSN 2359-5191

19/11/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 85 - Saúde - Faculdade de Odontologia
Centro é referência no atendimento a pacientes especiais

São Paulo (AUN - USP) - O Centro de Atendimento a Pacientes Especiais (Cape), da Faculdade de Odontologia da USP (FOUSP), atua em três frentes: o atendimento à população, a formação de dentistas (especialização) e à pesquisa. Segundo a coordenadora do centro, a professora Marina Helena Cury Gallottini de Magalhães, os três níveis de atuação estão bem integrados e funcionando de forma harmoniosa.

Criado em 1989 no escopo de dar assistência a portadores do vírus HIV, o Cape cresceu e tornou-se modelo na gestão de pessoas com demandas variadas. Desde 2004, ele está instalado em um moderno prédio com 12 consultórios, mais claros e amplos do que os antigos cinco que eram utilizados pela equipe do ambulatório.

O Cape multiplicou suas atividades (antes restritas a pacientes com o HIV) porque a procura de pessoas com necessidades especiais e que eram vetadas em consultórios aumentou demasiadamente.

Os pacientes são divididos em três grandes grupos. O primeiro e mais numeroso são os de portadores de doenças neuro-psicomotoras, como a síndrome de Down e a síndrome de Moebius. O segundo grupo é o de portadores de doenças sistêmico-crônicas, como diabetes. O terceiro grupo trata-se dos portadores de doenças infecto-contagiosas, em especial os com HIV positivo. Uma equipe de cinco dentistas analisa e determina a prioridade do atendimento, suas implicações e maiores necessidades.

Duas vezes ao ano o Cape abre triagens para a seleção de pacientes, no entanto, por conta da fila de espera já ser de 400 pessoas, a seleção no começo do ano será postegarda a fim de que essa demanda seja cumprida.

Obstáculos burocráticos
Em certas ocasiões, o paciente não colaborador, ou seja, aquele que não coopera com o dentista, necessita de uma contenção química para que se possa realizar os procedimentos. “A nossa linha é contra amarrar o paciente e fazer o tratamento à força, apesar de existir muito disso por ai”, explica a professora Marina.

Porém, em casos mais complexos há a necessidade de se fazer a analgesia total. O paciente é encaminhado para o Hospital Universitário (HU), que possui os equipamentos necessários em caso de uma emergência. Segundo a professora, esse deslocamento é muito caro para a faculdade, não obstante ele é também custoso para o HU, uma vez que uma sala cirúrgica de grande porte é utilizada, bem como toda a equipe que nela trabalha.

A professora citou o caso de um paciente portador de uma doença neuro-psicomotora e que não é colaborador. Toda vez que ele sente dor de dente, bate na mãe e também se machuca. A situação chegou a um ponto que somente a sedação profunda pode propiciar a situação ideal para o tratamento. No entanto, trata-se apenas de uma restauração e ele utilizará toda a estrutura destinada a atendimentos muito mais complexos.

Todo esse trabalho poderia ser contornado se o procedimento fosse realizado dentro do consultório do Cape. Para que isso seja possível, há necessidade de aparelhagem adequada. “Já temos o dinheiro para a compra dos aparelhos, mas esbarramos em outro problema: a faculdade não possui um farmacêutico contratado e por isso não pode comprar algumas drogas”, explica. Foi firmada ainda uma parceria com o Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP, o qual vai enviar uma equipe de anestesistas para a FO, como manda a lei, sempre que houver demanda por procedimentos.

Má formação
Marina Gallottini ressalta que, em tese, o Cape seria interessante no tratamento de casos bem específicos, como a síndrome de Moebius, mas que os outros atendimentos poderiam ser feitos em consultórios normais. “Falta conhecimento ao dentista, falta base”, alerta. Para isso, o Cape ministra cursos para os profissionais interessados. Hoje eles formam um grupo de 100.

“O dentista tem que atender o paciente doente, não deveria ser uma especialidade. Há casos em que pacientes do Amapá são trazidos para a FOUSP fazem o tratamento e voltam no mesmo dia, o que, segundo ela, poderia ser facilmente revertido se os profissionais dessas áreas se “sensibilizassem” e atendessem a demanda da região. “O objetivo é que eles façam o atendimento no local de origem”, diz a professora.

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