ISSN 2359-5191

25/11/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 88 - Meio Ambiente - Instituto de Relações Internacionais
Redução de emissões de poluentes não compromete crescimento econômico

São Paulo (AUN - USP) - “Reduzir nossas emissões de poluentes não significa colocar em risco o desenvolvimento econômico, mas, sim, ter políticas mais racionais de ocupação da região amazônica.” A afirmação é do biólogo Carlos Alfredo Joly, professor titular em Ecologia Vegetal da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Joly apresentou o seminário O Brasil e as negociações multilaterais: a convenção da biodiversidade, promovido recentemente pelo Instituto de Relações Internacionais (IRI/USP).

Segundo o biólogo, a questão de conservação da biodiversidade está fortemente associada às alterações climáticas. 2010 será o ano internacional da biodiversidade.“É o ano da COP-10, a Conferência de Partes da Convenção sobre Diversidade Ecológica, no Japão, e é o ano em que os países terão que mostrar que cumpriram as metas que assumiram em 2002 em Johanesburgo, isso é, a redução significativa de perda de espécies e a criação de unidades de preservação”, diz Joly. De acordo com ele, a maioria dos Estados está longe de ter alcançado esses objetivos.

A América do Sul possui uma imensa variedade de sistemas ecológicos e de espécies biológicas. “O Brasil está no topo dessa lista”, diz o professor. “É o país que tem o maior número de espécies.” Contudo, a situação é preocupante.

“Num cenário otimista, se todos cumprirem exatamente o que diz o Protocolo de Kyoto (documento que estabeleceu as metas globais de redução de emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa em 1998), ainda assim vamos ter um aumento de temperatura no planeta na ordem de 1,5ºC”. Isso significa a extinção de 30% das espécies biológicas existentes. A elevação de temperatura pode ser ainda mais acentuada, entre 3,5 e 4ºC, caso as metas não sejam atingidas. Isso resultaria na eliminação de 65% das espécies do planeta.

Responsabilidade histórica
Dada a gravidade da conjuntura, Joly rejeita a tese de que o Brasil deve se precaver de assumir compromissos formais para redução de suas emissões a fim de evitar a desaceleração do crescimento econômico. “O Brasil poderia representar um papel mais pró-ativo nas questões de metas”, declara o professor. “No entanto, o governo patina. Ele não consegue tomar uma decisão.”

De acordo com o biólogo, as atividades industriais brasileiras respondem por 7% das emissões de gases do efeito estufa enquanto o desmatamento corresponde a 75%. Os dados foram divulgados em 1994, no único inventário sobre emissões de poluentes divulgado pelo governo brasileiro. “O Brasil não atualizou esse inventário nos últimos 15 anos. Se é um tema estratégico, algo que está sendo discutido em todas as convenções, o mínimo que se pede é sabermos o quanto emitimos”, afirma Joly.

O argumento do governo federal é de que não há necessidade do país reduzir suas emissões uma vez que o protocolo de Kyoto não estabeleceu metas para os países em desenvolvimento. O Brasil responsabiliza historicamente os países desenvolvidos pela elevação da temperatura global já que contribuiu, até o momento, com apenas 1% das emissões de gases de efeito estufa. “É um raciocínio absurdo, um nonsense completo”, afirma Joly: “se apegar no passado para defender uma projeção de futuro.”

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