ISSN 2359-5191

01/12/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 92 - Meio Ambiente - Instituto de Biociências
Pesquisa mostra que cipós favorecem o meio ambiente

São Paulo (AUN - USP) - Os cipós, na comunidade científica, geralmente são tidos como prejudiciais para outros seres vegetais. “Todos acham que lianas têm efeito negativo”, atuando na competição e no impedimento do florescimento, afirma o pesquisador Anselmo Nogueira. Seu mestrado, contudo, provou que essa estrutura pode ser benéfica para a saúde de biomas como a Floresta Amazônica — região onde baseou as pesquisas para sua tese. Formado em biologia pela USP, Nogueira pôde sair a campo por conta do Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio), implementado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia em 2004. O projeto delimita sítios modelos de coleta não só na região amazônica, como também no Semi-Árido, a fim de integrar pesquisas em diferentes áreas e tornar acessíveis os dados coletados, além de oferecer bolsas de apoio técnico.

Nogueira realizou sua pesquisa na Reserva Florestal Adolfo Ducke, um das dezenas de núcleos que fazem parte do programa. Seu questionamento inicial deu-se quanto à densidade de lianas, que diferia entre determinados locais. Em áreas de altura elevada, os cipós se reproduziam em maior número, quantidade que caía muito em áreas baixas e próximas a braços de rio. Análises do solo e da vegetação que serve de apoio físico para as lianas concluíram que as regiões mais altas possuíam menor stress hídrico e maior número de nutrientes que regiões mais baixas. O solo contribuía também para essas características: longe de igarapés, a terra era 90% argilosa. Nesse sentido, as lianas tornam-se confiáveis indicadores ecológicos.

Em sua pesquisa, Nogueira concluiu também que, embora plantas que não sustentem cipós se reproduzam mais, sua distribuição fica comprometida uma vez que as lianas conectam as árvores e favorecem a locomoção de roedores — agentes polinizadores e dispersores de frutos. Outro fator importante lembrado pelo pesquisador refere-se ao fluxo de carbono: acredita-se que, proporcionalmente, as lianas fixam mais CO2 (gás carbônico) que as árvores. Tal aspecto é importante quando se trata de reflorestamento de áreas vítimas da predação antrópica.

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