ISSN 2359-5191

01/12/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 92 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Física
Cientista aproxima ótica e teologia

São Paulo (AUN - USP) - O cientista H. Moysés Nussenzveig, fundador do Departamento de Física Matemática da USP, traçou recentemente uma aproximação entre milagres do Velho Testamento e Ciência. Os fenômenos de andar sobre as águas, levantar o mar vermelho ou parar o sol enganariam até mesmo os mais céticos, como São Tomé. Tudo isso por que a diferença de densidade da atmosfera pode causar uma distorção dos raios de luz, causando efeitos visuais que contrariam a lógica humana.

A densidade da atmosfera não é uniforme. “Quando um meio é inomogênio, aquela idéia que se tem que a luz se propaga em linha reta deixa de valer”, explica Nussenzveig. As linhas se encurvam causando fenômenos de ilusão de ótica. Isso ocorre bastante em regiões onde o ar está superaquecido ou muito frio.

Uma anomalia climatológica na palestina há 33 séculos gerou uma chuva de granizo excepcional, que deixou o chão do vale coberto de gelo e fez baixar a temperatura do ar próximo ao solo. Essa diferença de temperatura mudou a velocidade e desviou o percurso dos raios de luz, dando a ilusão de parar o sol. Esse fenômeno foi atribuído a Josué, no Velho Testamento.

Em diversas religiões, a imagem de andar pelas águas é recorrente. Da mesma forma que podemos “levantar o mar Vermelho”, podemos deslocar em alguns metros a imagem de pés que estão numa superfície sólida, dando a impressão de colocá-los sobre a água. Basta que a temperatura esteja quente e então pode haver uma deformação da imagem que seria esticada e daria a impressão de ter uma profundidade maior que a real.

A mágica da Física
A visão que um peixe tem do mundo exterior quando ele o olha de dentro d’ água é limitada por um ângulo, sob o qual ele deixa de ver objetos. Parte do mundo se torna invisível a partir do desvio dos raios de luz que não conseguem entrar dentro da água. Isso ocorre porque o índice de refração da água é menor do que o do ar.

Um conceito pouco compreendido e negligenciado há décadas pela ciência é o índice de refração negativo. Este daria a reprodução de uma imagem perfeita. A idéia seria um raio que atravessa uma face de lâminas paralelas, sofre um cruzamento e emerge com um foco perfeito. Materiais com esse tipo de índice de refração seriam muito específicos, uma espécie de plasma ressonante, que não existe na natureza, mas podem ser produzidos. São os metamateriais.

Outros tipos de ilusão são feitos a partir de lentes gravitacionais. “Esse nome está errado, deveriam ser chamadas miragens gravitacionais”, frisa Nussenzveig. Os raios se curvam e replicam objetos onde eles não existem.

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