São Paulo (AUN - USP) - O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), em seu primeiro exercício na área da saúde, analisa o sistema Faculdade de Medicina (FMUSP) – Hospital das Clínicas. A organização, que é supervisionada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, já apresenta os primeiros resultados sobre a possibilidade de intensificar a capacidade de inovação da faculdade.
Um sistema integrado de pesquisa, ensino e atendimento à saúde, com excelência e participação em redes de inovação, orientada pelo compromisso social. É assim que o grupo enxerga a FMUSP daqui a 15 anos. É claro que muitos já consideram a faculdade exatamente como mostra tal previsão. E o estudo reconhece exemplos disso analisando todos os pontos fortes e oportunidades do sistema. Mas ele também aponta que há muito a ser melhorado para que se chegue, de fato, a esse resultado. O próprio pessoal da instituição identificou as fragilidades.
Todo o estudo, aliás, foi realizado com as pessoas da casa, a fim de que se entendesse, antes de qualquer coisa, seu ambiente de trabalho. Já aí foi possível reconhecer uma falha do sistema, pautada na base de dados. A comunicação com as cerca de duas mil pessoas ouvidas foi bastante dificultada pela falta de fontes e informações eficientes acerca das pesquisas.
Dessas, ficou claro que a organização é bastante heterogênea, tendo uma média de três a nove participantes por projeto. Daqueles submetidos ao comitê para avaliação de projetos de pesquisa, em 2007, 98,3% foram aprovados. Com relação ao patrocínio, 63% das pesquisas não contam com uma fonte externa à faculdade. E 47,5% não envolvem obtenção de título acadêmico. Segundo o centro de gestão, uma instituição que depende do pós-graduando para a produção científica é uma instituição fraca.
O grupo também percebeu que os estudos, depois de aprovados pela CAPPesq, o comitê de avaliação, não precisam subir mais na hierarquia de departamentos. Ou seja, não precisam passar pelo conselho deliberativo HC – FMUSP, por exemplo, para adquirirem a posição formal de pesquisa e começarem a ser executados. Não há, também, uma relação direta entre os níveis de departamento.
Além dos problemas e desafios da comunicação, a ausência de uma instância especializada para a inovação e o ambiente externo atrativo foram apontados como dificuldades a serem superadas.
Segundo o cientista do estudo, Esper Cavalheiro, a faculdade de medicina tem de caminhar sob uma política de aperfeiçoamento do modelo de gestão, a fim de atuar ativamente no sistema setorial de inovação em nível local, estadual e federal. “Não há registro, nenhum mesmo, de um professor dessa casa que tenha sido chamado gestor ou de como a instituição e suas pesquisas participam da política de saúde do país. Isso tem que mudar”, concluiu.