ISSN 2359-5191

13/11/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 23 - Saúde - Faculdade de Odontologia
Própolis brasileiro é nova arma contra a cárie e a doença

São Paulo (AUN - USP) - Pesquisadores da Unicamp e da Universidade de Rochester (EUA) obtiveram resultados promissores com o uso do própolis de abelha como agente antimicrobiano no combate à cárie e à doença periodontal. Um estudo recente mostrou que o uso de um enxaguatório oral com própolis do Rio Grande do Sul por indivíduos que se abstiveram de escovar os dentes durante 3 dias e ainda fizeram bochechos com uma solução de sacarose (o açucar refinado comum) cinco vezes ao dia tiveram uma redução de 40% na formação da placa bacteriana – grande vilã no desenvolvimento das duas principais doenças da cavidade oral.

O mecanismo de ação parece estar associado à inibição da enzima glicosil-transferase, responsável pela transformação do açúcar que ingerimos em polissacarídeos insolúveis, que por sua vez formam uma espécie de cola biológica utilizada pelas bactérias para se fixarem à superfície dental. Protegidos e seguros nesse micro-habitat, os microorganismos metabolizam o açúcar e produzem ácidos e toxinas que desmineralizam o esmalte dentário e agridem os tecidos periodontais (gengiva, fibras de inserção do dente e osso). Alguns compostos presentes no própolis agiriam derrubando a casa das bactérias, por assim dizer, diferentemente do que ocorre com a ação de outros agentes químicos usados no combate à placa dental, como é o caso da Clorexidina, que age diretamente sobre a célula bacteriana.

Mas nem toda espécie de própolis possui atividade comprovada contra a placa bacteriana. O professor titular de Bioquímica da Faculdade de Odontologia da Unicamp em Piracicaba, Jaime Cury, conta que participou de uma pesquisa, iniciada na Faculdade de Engenharia de Alimentos da mesma Universidade, com mais de 600 variedades de própolis existentes no Brasil e descobriu que as variedades de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul possuíam maior atividade. “É por isso que alguns trabalhos anteriores foram decepcionantes”, argumenta, “mas o problema não era com o própolis em sí, mas sim com a variedade escolhida que não produzia os efeitos esperados”.

Cury se entusiasma ao lembrar que a origem da palavra própolis (do grego pro: “em defesa de”, e polis: “cidade”) já refletia sua imemorial utilização pelas abelhas, que revestem as colméias com a substância para proteger-se da invasão de bactérias e fungos.

A parceria com pesquisadores da Universidade de Rochester nos EUA foi reforçada com o pedido conjunto de patente para a utilização do própolis em enxaguatório bucal e pela contratação do ex-aluno de pós-graduação da UNICAMP Hyun Koo pela instituição americana. “Os novos trabalhos agora se dedicam a isolar os princípios ativos envolvidos na ação antimicrobiana, uma vez que o própolis possui uma grande quantidade de substâncias ainda não totalmente identificadas”, informa Cury, para quem a publicação de trabalhos de ponta em periódicos de excelência internacional significam um êxito da pesquisa brasileira.

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