São Paulo (AUN - USP) - Poucos sabem que os aparelhos eletroeletrônicos mais utilizados em nosso dia a dia contêm inúmeros metais, presentes nas placas de circuito impresso de rádios, celulares, televisões e computadores, por exemplo. Entre estes metais pode-se encontrar chumbo, cobre, prata e até ouro, o que justifica a preocupação cada vez maior em reciclar as 50 toneladas de lixo eletrônico descartadas por ano, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
Assim, pesquisadores trabalham na criação de rotas mais eficazes para recuperar esses metais. O professor Jorge Alberto Tenório, do Departamento de Engenharia Metalúrgica de Materiais da USP coordena um projeto que traz a biotecnologia como alternativa para recuperar o ouro, encontrado somente nos aparelhos de alto desempenho, como os computadores. Os pesquisadores analisam a possibilidade do uso de bactérias para a reciclagem: “Elas metabolizam o ferro, liberando ácido sulfúrico, que solubiliza os outros metais e faz com que reste somente o ouro na placa”, explica Tenório sobre o processo.
Lixo eletrônico no mundo
A reciclagem do lixo eletrônico já é realizada em diversos países, incluindo o Brasil, há mais de 15 anos. Atualmente, técnica utilizada consiste basicamente em realizar um processo de fusão, colocando a sucata em um forno que derrete o material e faz com que os metais fiquem concentrados; estes são posteriormente submetidos ao eletro-refino. Segundo o pesquisador, o diferencial da rota que está sendo desenvolvida é que esta não depende da alta temperatura.
O incentivo para tais tipos de estudo, mesmo que neste caso o processo de reciclagem já seja realizado, é encontrar um meio mais eficaz, uma tecnologia mais barata e menos poluente. Tenório completa: “Aqui no laboratório, desenvolvemos diversas pesquisas para possibilitar a recuperação de todos os metais. A reciclagem dos metais preciosos, todo mundo faz, mas do resto, muito poucos. No Brasil, ninguém”.