ISSN 2359-5191

03/02/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 100 - Saúde - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Manejo errado de cadelas no pós-parto pode causar doenças

São Paulo (AUN - USP) - Os proprietários de cadelas que se encontram no período pós-parto devem ser muito bem orientados pelos veterinários quanto aos cuidados a serem aplicados para que as mesmas não desenvolvam doenças graves. Esse foi o principal ponto desenvolvido na palestra ministrada pela veterinária Fernanda Regazzi durante o I Simpósio de Reprodução Animal, que aconteceu, recentemente, na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ- USP).

Durante o período puerperal, que vai do parto até a recuperação completa do útero, o organismo da cadela passa por diversas alterações, tornando-a mais suscetível a doenças. Segundo a veterinária, os proprietários devem ficar atentos para alguns sinais que podem indicar problemas. A temperatura do animal tende a ficar mais elevada nos primeiros dias, mas não deve ultrapassar os 39,5°. A secreção vaginal, característica deste período, deve apresentar-se levemente esverdeada e inodora e a eliminação não pode ultrapassar cinco semanas. É necessário também que a inspeção e palpação das mamas sejam feitas regularmente.

Outro aspecto levantado foi a importância da alimentação correta. Como há uma maior demanda de energia e nutrientes durante essa fase, é aconselhável dar às cadelas rações de crescimento voltadas para filhotes, que atendem a essas necessidades. As refeições devem ser servidas quatro vezes ao dia ou livremente quando for constatado que o animal está abaixo do peso. Porém, a veterinária complementa que a mudança não deve acontecer de maneira arbitrária. “É necessário respeitar a quantidade recomendada para cada raça, para não correr o risco de levar o animal à obesidade”, diz.

Uma das doenças relacionadas à alimentação inadequada é a hipocalcemia também conhecida como eclampsia ou tetania puerperal. Esta doença caracteriz-se pela queda na concentração extracelular de cálcio a qual pode ocorrer em resposta a uma dieta com baixa concentração ou com excessiva suplementação deste mineral durante o período gestacional. A excessiva suplementação pode levar à diminuição progressiva da atividade da glândula paratireóide, principal órgão responsável pelo metabolismo do cálcio, que poderá apresentar déficit de atuação em momentos de grande necessidade como na ocasião do parto e primeiras semanas pós-parto, quando há aceleração da lactogênese (formação do leite), levando a quadros de hipocalceia.

Os sinais característicos desta afecção são aumento da freqüência respisratória, resistência em cuidar dos filhotes, agitação, aumento da temperatura corpórea (40°C a 40,5°C) espasmos, contrações musculares involuntárias, convulsões podendo levar à morte se não tratada.

As más condições sanitárias do ambiente também são fator preocupante. A metrite, processo inflamatório das camadas uterinas, geralmente decorre de manobras obstetrícias mal realizadas e da manutenção da cadela em ambientes contaminados. Já a mastite atinge as glândulas mamárias e é causada por bactérias que se desenvolvem geralmente em locais onde antes existia lesão ou traumatismo. Os abscessos e ulcerações em um primeiro momento comprometem a qualidade do leite, mas se não tratados também podem evoluir para o óbito.

Um último ponto a ser observado é quanto ao desmame correto dos filhotes. Segundo a veterinária, ele deve acontecer sempre de maneira gradativa para evitar principalmente a ansiedade materna e alterações nas glândulas mamárias como a galactose (acúmulo de leite). “Durante as 4ª e 5ª semanas deve haver a introdução de rações pastosas na dieta dos filhotes e somente ao final da 7ª semana a supressão total do leite materno”, afirma.

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