São Paulo (AUN - USP) - O clima é de excitação; bom humor paira no ar do Centro Rebouças quinze minutos antes da abertura do XXVIII Congresso Médico Universitário da Faculdade de Medicina da USP. O COMU, como é conhecido, é anual e dura uma semana, recheada de palestras sobre diversos temas atuais. O diferencial são os organizadores, todos alunos. Luciana Marques de Vasconcelos, do terceiro ano, faz parte da diretoria organizadora. Ela acredita que o congresso acrescenta na sua formação acadêmica e na sua habilidade de se comunicar. “Conversar com os professores era difícil, mas hoje já me viro muito bem”, diz. “Ver os bastidores ajuda a entender o processo de produção científica”.
O preparo para o COMU começa até um ano antes. Os aluno envolvidos desde o começo – são entre 25 e 30 – cuidam de toda a infraestrutura, desde marcar o local e negociar o patrocínio, até estabelecer os temas. “Fazemos uma pesquisa sobre os temas que interessam os alunos, falamos com o titular do departamento e ele escolhe o tema específico e os melhores palestrantes”, explica Luciana, acrescentando que a receptividade dos pesquisadores em participar é grande.
Esse corpo organizacional, com sede no Departamento Cientifico da faculdade desde seu começo em 1982, também fica responsável pelo recebimento dos trabalhos científicos de alunos de todo Brasil – e até alguns internacionais – e pelo estabelecimento da banca examinadora. “São professores doutores, geralmente titulares da área”, conta Luciana. Os nomes dos alunos são mantidos em sigilo até o final para evitar favorecimento. São quatro prêmios entregues, em dinheiro, aos vencedores das diferentes categorias. “É uma forma de incentivar a pesquisa entre alunos”, esclarece Luciana.
Tudo isso consome tempo e energia. Os alunos que mais participam são do segundo e principalmente do terceiro ano, pois dispõem de mais tempo que os outros anos e não iniciaram ainda o internato. Os calouros ajudam muito como colaboradores na semana do COMU, verificando presença em cada dia e assimilando os kits.
O COMU também resultou num projeto de pesquisa, que será apresentado ano que vem. “Refletimos sobre o que essa organização do COMU significa na formação médica”, diz Luciana Marques de Vasconcelos, citando o desenvolvimento de habilidades que expandem a formação acadêmica fechada e o desenvolvimento da comunicação, não trabalhada de forma aprofundada no currículo regular.