ISSN 2359-5191

22/11/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 24 - Economia e Política - Escola Politécnica
Administração amadora de clubes afeta futebol brasileiro

São Paulo (AUN - USP) - Clubes endividados que não pagam salários aos jogadores, torcedores desmotivados, campeonatos sem nenhuma organização: todos esses aspectos negativos evidenciam a péssima situação do futebol brasileiro. Equipes de nome, como o Palmeiras, encontram-se em dificuldades, tanto financeiras quanto de desempenho em campo. Para Márvio Pereira Leoncini, mestre em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da USP “o futebol brasileiro é voltado para o mercado de jogadores”: esse é, segundo ele, um dos principais fatores pelos quais o futebol no Brasil se encontra no estado decadente em que está. Em contraste com o europeu, por exemplo, a situação se torna ainda mais clara: lá estão os melhores jogadores do mundo, inclusive os brasileiros, e a maioria dos clubes geram lucros. O que fazer então?

Para Márvio, o problema está no amadorismo da administração dos dirigentes do futebol brasileiro: é necessário que se profissionalize a gestão dos clubes. Desse modo, se estabeleceria o real objetivo da existência do clube, ou seja, o futebol voltado para o público. Márvio desenvolveu a dissertação de mestrado Entendendo o negócio do futebol: um estudo sobre o processo de transformação do modelo de gestão estratégica nos clubes de futebol , em que analisou a gestão de três equipes: o inglês Manchester United e os brasileiros Flamengo e São Caetano. “O Manchester é o único clube inglês com lucro constante”, analisa Márvio. Isso se deve à forma como o presidente uniu bom desempenho esportivo a um bom desempenho financeiro. Na parte esportiva, o Manchester tentou manter o mais estável possível a sua equipe, tanto jogadores quanto treinador. A isso se uniu o investimento em bons salários, motivando o time. Os resultados positivos obtidos deram credibilidade à equipe, que se lançou no mercado financeiro, inclusive com ações na bolsa de valores.

“No Brasil, os clubes estão nas mãos da TV. Os principais beneficiados são os empresários dos jogadores”. Márvio acredita que, para melhorar a situação do futebol brasileiro, é necessário um conjunto de mudanças, a começar pelo modelo de administração: na maioria dos clubes, são os sócios que tomam as decisões, dando margem à existência de grupos políticos e disputas internas. Isso dificulta a gestão do clube, pois freqüentemente grupos diferentes se alternam no comando dos times, distintamente do que aconteceria numa empresa de verdade. Márvio também observa que a desorganização dos campeonatos e o grande números de decisões amadoras e passionais por parte dos dirigentes– como a o alto número de demissões de treinadores – são aspectos que deveriam ser corrigidos para o sucesso do futebol brasileiro.

Contudo, a industrialização excessiva do futebol não pode prejudicar o esporte como manifestação artística, gerando jogadores “mercenários”, como dizem os torcedores, ou seja, que só atuam em busca de dinheiro? Márvio afirma que a solução para esse problema está na ética do profissional, que deve comprometer-se com a atividade que exerce. Para ele, o fenômeno da industrialização e da profissionalização dos clubes é necessário no mundo atual.

Márvio Leoncini também é o autor do livro "Nova Gestão do Futebol", em parceria com Antonio Carlos Kfouri Haidar e João Oliveira.

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